Nota explicativa: Pelo visto o autor tinha em mente três preocupações, a primeira - de apresentar aos seus leitores o Deus Criador. O Criador dos céus e da terra. Ele e somente Ele é o autor da vida e do universo. A segunda - A maneira de como tudo foi sendo criado na mais absoluta harmonia e perfeição. Do caos e do nada tudo foi assumindo forma e vida no seu devido lugar e como matéria prima sua palavra. Ele "disse" e tudo foi se formando. Quanto aos dias literais ou não; não tem tanta importância, mas sim a dinâmica de como as coisas ia sendo feitas. No primeiro dia o Senhor criou a luz e depois as outras coisas foram se processando. A terceira preocupação do autor foi à criação do homem no sexto dia. Deus teve o cuidado, o devido zelo de criar as coisas tão perfeitas para depois colocar o homem e a mulher como responsáveis para fazer perpetuar a obra do Criador. Deus ordenou que crescessem e se multiplicassem. E para isso Deus criou o homem a sua imagem. "Imagem", pois, era o único ser no universo que herdaria de Deus seus atributos morais, a saber, o poder de decisão - liberdade; o poder de se relacionar - a comunicação; a consciência - capacidade intelectual - era um ser pensante.
Gênesis 2:1-25 - A formação do homem e da mulher
Nota explicativa: Muitos são os ensinamentos deste capítulo. 1) O dia de descanso o qual o Senhor o santificou como o dia do repouso. Mais adiante o próprio Deus vai fazer do dia de descanso uma ordenança para o homem. 2) A criação do homem e o propósito específico para o qual fora feito. Sobre o homem no capítulo primeiro o vemos na sua totalidade, ou seja, um homem inteiro. No capítulo dois observamos alguns detalhes, a saber, Deus fez o homem a partir do solo da terra e soprou nas suas narinas o hálito de vida e o homem passou a ser alma vivente. Podemos então afirmar que homem é um sujeito biológico, tão somente, mas a partir do momento em que recebe o "sopro" de Deus se torna um ser psicológico, pois, passa a possuir uma alma, uma pisque (do grego), mas diferente dos animais inferiores, uma alma com atributos, liberdade, vontade e consciência. O sopro de Deus caracteriza uma alma espiritual. Uma alma com o "hálito" de Deus é o que o faz um sujeito espiritual - pronto para ter comunhão com Deus. Foi colocado no "jardim" de delicias - o que ilustra a condição privilegiada do homem. 2) O autor revela que a vida do homem estava na dependência de Deus por força da própria lei da criação, posto que, Ele é o autor e mantenedor e nutriente da vida, se emancipar dele constituiria na morte. O "hálito" de Deus ou "sopro" de Deus compreende a essência de Deus no homem. A obediência à ordem do Criador era a condição para que este se mantivesse na posição de honra para o qual fora feito. 3) Deus criou a companheira do homem e constituiu o laço sagrado do matrimônio. O objetivo da sagrada união era a cumplicidade para o bem, para a troca, para o diálogo e afim de que de posse desses atributos o homem e mulher constituíssem a família.
Gênesis 3:1-24 - O abismo moral: A queda e suas consequências.
Nota explicativa: O Gênesis não tem a preocupação de revelar como o mal se originou. Mas, tão somente como ele aparece. Pelo visto, ele já estava presente desde a criação. Provavelmente já tenha se originado antes do homem. Há alguns textos os quais, os pais da igreja justificam sua origem. O mal é personificado na serpente, pois, a mesma, denota astúcia e engenhosidade para atuar tanto quanto o mal. Uma forma bem articulada. Surge colocando dúvida à palavra de Deus. A partir da dúvida, a mulher corresponde e nisso a serpente "tira" a palavra de Deus e coloca sua suposta verdade. O mal surgiu como antagônico ao que Deus havia dito - e afirma de modo ousado que Deus estava mentido. Quando a mulher atendeu à dúvida não houve mais saída. Olhou e viu que era agradável, comeu e entregou ao seu marido que também comeu. Percebem que estavam nus. Saíram da condição de inocentes. Agora estavam nus e o sentimento foi de medo e vergonha. O "sopro" de Deus se "retira" de dentro do homem e este morre. A morte espiritual, ou seja, a morte da essência de Deus no homem provoca outra morte - a morte física, pois a vida humana se limita a uma existência sujeita ao desgaste e a corrupção. E consequentemente a morte eterna. A vida a partir disso passou a ser vivida com angústia. Aquilo que era para ser vivido com alegria passou a ser vivido com dor e angústia. Ficou um abismo moral entre Deus e o homem. Por que moral? Porque o homem antes da queda era imagem do caráter de Deus, com a Queda é a imagem de si mesmo. O homem ficou limitado tão somente a ser um sujeito biopsicológico sem sua dimensão espiritual.
Gênesis 4:1-25 - A primeira iniciativa de buscar a Deus.
Nota explicativa: Embora o homem estivesse morto espiritualmente, separado de Deus por um "abismo moral" aparece na análise deste capítulo a tentativa do homem voltar-se a Deus. E podemos afirmar que o capítulo 4 trata a narrativa do primeiro culto na história do homem. E nos chama atenção o fato de Deus ter se agradado do culto (oferta) de Abel e não ter atentado para o culto (oferta) de Caim. Para explicar esse fato de aceitação e rejeição fazemos uma síntese canônica com o livro de Hebreus 11. Neste a Bíblia explica que Abel ofereceu ao Senhor pela fé um sacrifício perfeito. Depois que o homem fora colocado fora do paraíso (abismo moral) o único instrumento pelo qual o homem pode voltar-se para Deus é o caminho da fé. Mas de acordo com os dois textos a fé não pode ser produto de um conhecimento tão somente, mas um conhecimento que exige algo - o sacrifício. Está implícito no ato de Abel uma ação de quebrantamento. Portanto fé que provoque quebrantamento por conta da separação causada pelo próprio homem. A fé de Caim ilustra a fé do senso comum, ou uma fé pagã. Uma fé que não comove o coração de Deus, embora cheia de boas intenções. Caim teve oportunidade de se arrepender, mas pouco adiantou o apelo de Deus - o pecado já estava traçado no seu coração. Abel matou o Caim e logo questionado por Deus onde estava seu irmão Caim se esquivou da responsabilidade moral para com o irmão. Além da fé que provoca quebrantamento, a responsabilidade moral para com os nossos iguais são os ensinamentos profundos desta narrativa.
Gênesis 5:1-32 - Deus é o Senhor da História.
Nota explicativa: O relato das genealogias demonstra o cuidado minucioso do autor. De alguma forma houve sem dúvida um trabalho exaustivo de pesquisa. Mas, por que o relato? Qual era a preocupação do autor? A ideia do autor era assegurar de que os fatos por ele narrado eram absolutamente verdadeiros; ele não queria que, ficasse alguma dúvida e por isso nada melhor que fazer um levantamento da história da genealogia para consolidar a verdade dos fatos. Por outro lado, a ideia do autor não era apenas passar conceitos, mas gerar conceitos a partir dos dados históricos. Portanto, o autor tinha em mente sim, escrever uma história sobre o agir de Deus do qual nós tiramos normas e princípios.
Gênesis 6: 1-22 - A proliferação da maldade
Nota explicativa: A ideia principal deste capítulo é a disseminação do pecado. O coração do homem se tornou maligno, seus intentos eram malignos e os homens tinham se afastado de Deus e seguindo os intentos de seus corações maus. Mas, no meio dessa depravação havia um homem que preservava o seu coração e Deus se agradou dele. Este foi o primeiro homem com o qual o Senhor estabelece uma aliança. Deus vai intervir de modo traumático para inculcar na consciência dos homens a posição de Deus em relação ao mal e ao pecado. O Senhor vai destruir todos os homens por causa do pecado e da maldade. O dilúvio é o meio pelo qual traumaticamente o Senhor vai agir. Mas vai preservar a vida de um homem justo. Noé é chamado pelo Senhor para construir uma arca na qual ele e sua família e os animais entrarão para serem guardados da terrível tempestade, ou seja, do juízo de Deus. Não estava no plano de Deus a maldade. Ele é justo e santo, a maldade, o pecado são ofensas aos seus olhos. A santidade de Deus não suporta e nem pode suportar. O mal contradiz o caráter da bondade e do amor de Deus.
Gênesis 7:1-24 - O cuidado de Deus para com o justo.
Nota explicativa: O dilúvio é o retrato da justiça de Deus em relação ao pecado e aos pecadores. É interessante que, se lembre de que estamos nos primórdios da civilização. O pensamento era um pensamento primitivo, e a preocupação do leitor por meio do relato deve ir além do significado do texto. Por de trás existe um pensamento, uma ideia do juízo de Deus. A partir do dilúvio a humanidade que restou da família de Noé passará esse fato de geração e geração. E se o mesmo relato permaneceu como canônico (textos inspirados por Deus) é porque a consciência de um juízo, da justiça de Deus precisava ficar nas mentes e nos corações. Deus preserva o justo. A arca nada mais é que o cuidado de Deus, o zelo de Deus de guardar os justos contra esses juízos. O justo não entra no juízo de Deus e sim o pecador que resiste a Deus.
Gênesis 8: 1-22 - Deus das lembranças.
Nota explicativa: A ideia principal deste texto é o cuidado de Deus para com Noé e sua família. Deus os guardou até que todo o dilúvio parasse e que as águas tivessem secado sobre a face da terra. Mas, junto com esse cuidado, temos a ação do homem. É interessante observar que, aquilo que está ao alcance do homem ele precisa fazer, desde que esteja no centro da vontade de Deus, mas aquilo que não está ao alcance do homem, aí sim Deus age. Deus mandou que Noé fizesse a arca, mandou que entrassem na arca, mas para sair da arca, Noé fez sua parte soltou uma pomba para averiguar se a água já tinha secado sobre a face da terra. A pomba lembra o momento em que o Espírito de Deus pairava sobre as águas. A ave volta para o seu regaço. Esperou sete dias. Os dias da espera. É o lado humano desta narrativa - esperar. Depois de sete dias soltou a ave, e esta voltou trazendo um ramo de oliveira, mas mesmo assim, Noé esperou mais sete dias. A espera pode demorar, mas quando sob uma convicção nos traz a certeza. Depois dos sete dias Noé soltou a ave e esta não mais voltou e ficou certo de que a terra estava seca. Noé ao sair da arca fez o que provavelmente já era uma prática na sua vida edificou um altar e tudo leva a crer que foi um altar que simboliza gratidão de tal modo que Deus se agradou do cheiro dos holocaustos. Gratidão é um sentimento que traduzido na prática comove o coração de Deus.
Gênesis 9: 1-29 - A nova ordem.
Nota explicativa: O texto traz muitos ensinamentos. O objetivo do autor era mostrar que a justiça de Deus precisava ser reiterada e consolidada. Fica claro a responsabilidade que cada homem terá com o outro. Ninguém terá o direito de tirar a vida de ninguém e se o fizer pagará com a própria vida. Com certeza o fim era, deter a maldade no coração do homem por via do temor da justiça divina. Deus promete a Noé que não usará mais do dilúvio para manifestar sua justiça. Quanto a isso, a cultura e as civilizações que vieram depois, tiveram a clareza. Outro ensinamento é quanto a nova ordem. Novamente o homem é chamado para crescer e multiplicar. Uma nova criação é refeita sob a justiça de Deus. Noé planta uma vinha e bebe de seu fruto como sinal da alegria. Dançou nu e isso provocou risos e zombaria da parte do filho Cão. Outros irmãos cobrem o pai. Quando este acorda ao saber que Cão havia zombado o amaldiçoa. Não resta dúvida que a autoridade assim como no Paraíso, foi "zombada" pelos primeiros pais, Adão e Eva agora se repete. Não é mérito de julgamento a questão de Noé bêbado, mas o que fica enfatizado é a autoridade nele constituída o que o filho desrespeitou. Mas o episódio mostra ainda, a questão do ato de Noé, por um lado zombado e por outro coberto. Como dissemos não entremos no mérito de julgar o ato de Noé. Mas o texto nos infere de modo ilustrativo a questão do pecado, este deve ser visto com indignação e encoberto, mas nunca ridicularizado e zombado. Não pode provocar riso mas indignação. Ridicularizar o pecado é não encará-lo com seriedade cujo ato deve ser penalizado. A maldição do Cão é a exclusão do zombador, daquele que não atentou para autoridade delegada.
Gênesis 10:1-32 - Deus das gerações.
Nota explicativa: Foi a partir da família de Noé que a humanidade nasceu. O cuidado do autor de apresentar os filhos de cada um dos filhos de Noé mostra o comando de Deus na história humana. Não resta dúvida que foi a partir da fascinante história narrada pelos textos sagrados que encontramos a origem da civilização. Uma civilização que vem de Deus mas que por vontade própria se afasta de Deus. Agora um detalhe importante, a partir do verso 6 ao 20 o texto mostra os filhos de Cão (o zombador) e estes filhos serão inimigos do povo de Deus que vai ser gerado a partir de Abraão. Mas a ideia principal do texto é o cuidadoso relato do autor para revelar aos povos que Deus sempre esteve ao comando da história e não excluído dela.
Gênesis 11:1-32 - A dispersão dos povos.
Nota explicativa: Parece existir um padrão nos relatos. Observem que logo após a Criação veio a Queda. Após essa o primeiro culto do qual o Senhor se grada de um e rejeita o outro. No relato deste capitulo vemos a boa intenção dos babelitas, logo após a nova ordem e logo após a maldição de Cão. Os homens queriam permanecer juntos - o que é um princípio bom, uma intenção aparentemente boa, de construir uma torre cujo topa tocasse os céus. Mas, a "boa intenção" contradiz o plano de Deus. Podemos ilustrar com a ação dos babelitas os diferentes caminhos que os homens tomaram para preservar a vida ou lutar por ela. Nasce as religiões, as mais diversas, com as mais diferentes intenções. Mas Deus as condena do mesmo modo como condenou os homens de Babel e os fez caírem numa confusão que não mais se entendia. Junto com isso as diferentes culturas, dentre as fasces destas a religião surgem como ação do homem para tentar suprir o vácuo entre Deus e os homens. Após o relato de Babel, o autor se preocupada em mostrar a genealogias que convergem até Abraão. Mais uma vez, o autor tem a preocupação de apresentar aos seus leitores a ideia de que os fatos narrados correspondem a mais absoluta verdade.
Gênesis 12: 1-20 - O chamado de Deus.
Nota explicativa: Estamos diante de um texto o qual revela a início de um Novo Plano de Deus para trazer a humanidade para sua comunhão. Lá no paraíso quando o Senhor condenou à serpente, proferiu a primeira palavra profética a respeito deste plano quando o Senhor diz que a "descendência da mulher" esmagaria a cabeça da serpente, ou seja, daria um ponto final a toda a maldade e cura do que esta maldade iria causar. Começa aqui um longo processo. Podemos dizer a "história do processo da fé". A inserção de Abraão na história mostra que Deus tem um plano para banir o mal e curar suas feridas. E isso o fará pelo caminho da fé. Mas esse plano, considerando a consciência sobre Deus, não poderia ser feito do geral para o particular ou seja, não poderia ser feito a partir do povo para atingir os indivíduos na sua particularidade, mas o contrário. Começar a partir de um sujeito e aos poucos a revelação do que Deus espera e o objetivo final de dar um fim à maldade e o pecado, para depois atingir a massa. Deus trabalho de modo individual. Chama um homem de sua terra a Mesopotâmia. Lá com certeza Abrão tinha sua fé, mas uma fé paganizada. Agora este homem selecionado por Deus dentre tantos fora escolhido para embrenhar-se na estrada da fé. Ele sai sob a promessa de uma terra que o Senhor a daria e por meio dele - abençoar todas as famílias da terra. Eis o ponto central deste texto. A fé passa a ser um instrumento pelo qual a humanidade inteira seria abençoada. O importante é observar que esta fé não é produto de uma intuição, mas produto de uma revelação. Uma fé no modelo de Deus e não no modelo do homem. Abrão não entendia por completo, mas o que já estava claro para ele é a questão do altar como sinal de comunhão com Deus. Ele sem que o Senhor lhe ordenasse fez pelo menos até aqui dois altares, revelando a importância do culto meio pelo qual se expressa gratidão e adoração. A história daqui pra frente revela que, o chamado de Deus é o meio pelo qual Deus responde como o mal deve ser banido, como a justiça de Deus deve ser experimentada, e como a ferida causada pelo mal deve ser curada.
Gênesis 13:1-18 - O amadurecimento da Fé
Nota explicativa: No capítulo 12 Abrão saiu de sua terra e chegou à terra de Canaã. A terra que o Senhor estava lhe dando, mas a fome era grande. Abrão não questiona a Deus, mas também não soube esperar, pois, continua sua viagem na direção do Egito para ficar livre da fome. Lá teve que mentir, mas isso não entra no mérito de análise, mas sim, o fato de que Deus estava com ele, não obstante sua fraqueza. Deus se indigna quando Sara é alvo de desejos dos homens, pois era muito bonita. Abrão fora repreendido pelo faraó e após isso voltou para a terra de Canaã onde construiu novamente um altar. Quando lá chegou foi mais criterioso. Ele tinha levado o seu sobrinho Ló. E este de algum modo foi referência para se colocar no centro da vontade de Deus. Depois da confusão que os pastores criaram, Abrão colocou na mão do sobrinho a possibilidade de escolha da terra. Ló muito mais sagaz optou pelo pedaço da terra das vertentes águas do Jordão e pelo visto Abrão ficou com o pedaço da terra rochoso. Mas, o Senhor aparece a Abrão e pede que erga os olhos para contemplar aquela terra. Era aquele terra, por mais contrastante que poderia ser, a terra que o Senhor estava confiando em suas mãos. Novamente o Senhor reitera sua promessa de que sua descendência seria numerosa. Deus ele tem um jeito de trabalhar diferente do homem. Deus faz do nada, do deserto, daquilo que aparentemente é ríspido e hostil algo prazeroso e agradável. "Erguer" o olhar é "erguer" para a possibilidade, para aquilo que Deus ainda vai fazer. De uma situação aparentemente impossível, do caos, que faça brotar a vida. Abrão após a parição do Senhor não hesitou, armou sua tenda e fez um altar para adorar o Senhor. A parte bonita da terra, escolhida por Ló era agradável aos olhos, mas moralmente lá havia homens sujos, criminosos.
Gênesis 14: 1-24 - 2a Revelação
Nota explicativa: A terra na qual Ló estava habitada, a terra de Sodoma é invadida por Quedorlaomer. Levaram o rei, e os bens da cidade e levaram cativos Ló. Ao saber disso, Abrão reuniu seus trezentos homens e vai lutar contra os invasores para trazer de volta o sobrinho. Abrão venceu a batalha. Após a narrativa desse acontecimento, surge um sacerdote que traz consigo pão e vinho para entregar ao Abrão e abençoá-lo. Melquesedeque é o relato de uma epifania (manifestação de Deus). Quando Melquesedeque abençoa Abrão suas palavras revelam algo que talvez Abrão não tivesse o devido conhecimento: o Deus que lhe havia tirado da terra de seus pais, não era um deus como os demais, mas sim, o Criador dos céus e da terra. Portanto, o mérito de ter vencido a guerra, e os bens que possuía Abrão não era merecimento de suas habilidades, mas mérito de Deus, de tal modo que, Abrão manifestou um gesto de gratidão logo após a benção, entregar-lhe o dízimo. Pelo visto o dízimo entra na história do pensamento de Deus não como uma ordenança, mas como algo intrínseco à natureza de quem é grato. O rei de Sodoma propôs uma torca com Abrão, o que o rejeitou reiterando sua convicção de dependência do Criador. Abrão segue o caminho contrário dos seus antepassados, Adão e Eva. Estes se emanciparam de Deus.
Gênesis 15:1-21 - 3a Revelação
Nota explicativa: Novamente o Senhor aparece ao Abrão e reforça sua promessa. O Senhor é o seu escudo, ou seja, Abrão poderia se sentir seguro, absolutamente seguro, pois, este tinha a garantia da proteção de Deus. Mas, Abrão questiona a Deus, até esse momento a promessa do filho ainda nem ao menos havia dado sinal, e o seu herdeiro seria seu escravo. Mas, Deus diz que não e para nutrir sua fé para continuar crendo, pediu que olhasse para o céu para ver as estrelas e as contasse se que poderia. Logo em seguida o Senhor diz, que assim seria sua descendência. Esta promessa á base principal da caminhada do homem Abrão. A pergunta que fica aqui era que descendência seria esta? Abrão novamente respondeu por meio da fé e essa resposta, ou essa atitude de fé mereceu o conceito de ser justo. Abrão quer se assegurar da bênção, por isso pede de Deus uma garantia e a garantia era o sacrifício; nele o pacto é feito por ambos Deus e Abrão. O texto ressalta a luta que Abrão teve que enfrentar mediante o pacto celebrado. As rapinas voavam sobre o sacrifício e Abrão passou o dia inteiro, sem se queixar ou murmurar enxotando essa aves impostoras. No final do dia cansando, Abrão teve um profundo sono, no qual novamente Deus se revela e desta vez dizendo a Abrão que sua descendência iria ser peregrina numa terra estranha. Em nada Deus omite Abrão, inclusive desse fato, dessa realidade. Mas, a escravidão pelo visto serviria de um aprendizado, pois, o Senhor estará libertado a descendência a qual voltaria sua terra com muitos bens. A fé por ora aqui revela segue o caminho das mais diversa circunstância. Nada até aqui o homem recebeu num "pacote" fechado, tudo o que estava passando e ainda estava por vir é marcado por luta, mas a vitória é certa para quem sabe esperar.
Gênesis 16:1-16 - A intervenção do Homem
Nota explicativa: A ideia central deste capítulo é a intervenção humana, quando, o tempo passa e a promessa não é cumprida. Sara demonstra uma preocupação, e se utiliza de um costume oriental, tendo em vista, que ela, passados dez da promessa de Deus, não gerava o filho esperado. Não é mérito julgar atitude de Sara em relação à tradição de sua época. Mas é interessante entender, o texto a partir da dinâmica teológica que repousa na intervenção humana, que contrasta com a espera. O tempo já se passara; são dez anos e tudo parece o mesmo, mas essa longa espera, é o tempo do amadurecimento da fé, era o tempo de Deus, pois, enquanto isso, muitas coisas ainda precisavam ser reveladas, ainda, pelo visto não se completara. O nascimento de Ismael justifica a origem de um povo que concomitante a formação dos hebreus, este também foi construindo sua história e sua cultura. Mas, não obstante terem a mesma origem, o mesmo pai, a promessa era para com Isaque. Agar foi humilhada por Sarai, demonstrando com isso a uma atitude incongruente, bem peculiar quando não se está no centro da vontade de Deus. Não obstante, Deus, faz dessa situação (opus alienum Dei) um motivo de bênção. Agar precisava voltar para desfrutar da bênção de Deus, e a bênção era formação dos povos árabes, os quais também seriam abençoados como todas as tribos da terra por meio daquele povo que nasceria de Sara. Que todos os povos tiveram sua origem em Deus, não há dúvida, mas, o trabalho de Deus era com um único povo, através do qual todos seríamos abençoados.
Gênesis 17:1-27 - 4a Revelação
Nota explicativa: Nesta narrativa vemos pela primeira vez um conceito moral de perfeição. Deus é perfeito e o mesmo ele espera de Abrão. Portanto, isso nos lembra o plano inicial de Deus em fazer do homem um sujeito perfeito, mas este se desviou e deixou de ser a imagem do Criador para ser a imagem do seu pecado. Agora ao homem ao qual o Senhor está se revelando, aos noventa e nove anos de idade, o Senhor lhe aparece e o adverte a andar na sua presença e ser perfeito. Portanto, a fé que o Abraão manifestava deveria assumir um compromisso de e ser perfeito "andar" com Deus a perfeito moralmente. O sinal disso seria a circuncisão, um sinal na carne, diferente de outros povos, o povo que nasceria de Abrão deveria viver essa dor, mas que serviria de sinal de "posse" de "pertença". Um povo que pertencia e era propriedade de Deus. Quanto a Ismael, o autor do Gênesis deixa claro que este tem o seu papel na história. Seria uma explicação aos leitores árabes, mas o papel de herdar a bênção e abençoar as nações do mundo, dentre as quais os árabes se incluiriam deveria vir por meio do povo escolhido pela vontade de Deus. Abrão a partir desse capítulo passa a ser chamado de Abraão, para significar que sua identidade estava absolutamente relacionada por aquilo que ele é e vai ser. Abraão significa o quanto esse homem de Deus estava intimamente comprometido com sua missão. O seu nome representava aquilo que Deus iria fazer por meio de sua vida.
Gênesis 18:1-33 - O Deus da Justiça. A 5a revelação.
Nota explicativa: Podemos dividir esse capítulo em três momentos. O primeiro momento vai do verso um aos quinze. Vemos nesse momento novamente a epifania acontecer por meio desses três homens. Abraão como sempre se mostrou hospitaleiro àqueles homens que logo demonstraram que vinham de Deus, pois reforçam o plano de fazer de Abraão uma grande nação e esta nasceria da entranhas dele. Sara que estava na tenda riu-se. Sua incredulidade provocou risos, o que seria até mesmo compreensível, pois desde que essa história tem se desenvolvido não vemos outra coisa se não as epifanias reforçando o plano, mas nada de concretização do mesmo. O curioso é o fato de ainda ela e Abraão ter que esperar por mais um ano. Mas, cada vez mais vai ficando arraigado no coração do servo Abraão a crença da provisão de Deus e então, mais um ano para suprir a fé. O segundo momento do texto é quando o Senhor revela ao Abraão sua justiça, agora o Senhor dá um conceito de justiça. Ser justo para Abraão é "seguir os caminhos do Senhor e ser reto diante dele" (v.19). Então para que isso ficasse bem claro aqueles homens levam Abraão num lugar do qual apontam para Sodoma. Lá os homens não eram retos e nem justos e por isso deveriam sofrer o juízo de Deus - a morte. Abraão acreditou nisso e não hesitou de interceder em favor de seu sobrinho que habitava lá. Eis o terceiro momento do texto. A intercessão de Abraão revela que ele temia a Deus, que este Deus era zeloso e justo. E em relação ao pecado ele é implacável. Mas, e agora? Lot estava lá? Será que ele era justo? Abraão acreditava que sim e por isso intercede afim de que Deus amainasse sua ira. Mas a resposta de Deus foi ter que tirar Lot daquela cidade, pois o decreto de Deus já estava celebrado.
Gênesis 19,1-38. A Justiça Divina
Nota explicativa: O autor do Gênesis tem a preocupação de mostrar a ação da justiça de Deus mais uma vez como fizera no caso do dilúvio, porém, uma ação mais local que universal, possivelmente para revelar a Abraão a justiça de Deus quanto ao pecado e ainda revelar o poder da oração, da intercessão, do clamor que deve ser feito ao ao juízo divino. Abraão intercedeu e o Senhor providencia a saída de poupar a família de seu sobrinho. Os homens que decretarão o juízo chegam na cidade e lá na porta estava sentado o sobrinho de Abraão. Quando Lot convida-os a passarem a noite na sua casa estes se negam infere que Lot sabia da maldade que permeava a cidade, fato que se comprovou depois quando todos na casa de Lot já se recolher. Os homens perversos vão de encontro ao Lot para fazê-lo mal, mas são impedidos por conta da cegueira que os homens de Deus lançaram sobre todos. A cegueira que os fazia perambular procurando a porta revela a condição moral que de algum modo se encontravam. Após isso os homens decretaram o juízo e Lot precisava deixar a cidade imediatamente, mas se demorava. Quando falou ao seus genros sobre o juízo de Deus, estes fizeram pouco caso, zombaram de Lot. O sobrinho de Abraão demorava o que obrigou os anjos o tomarem pelas mãos. Lot pediu que ficasse numa cidadezinha mas que não subisse a montanha, até nisso Deus foi misericordioso. No entanto, não foi misericordioso com sua mulher, pois a ordem era que partissem depressa e que não olhassem para atrás. Mas, pouco adiantou. Ela virou pra trás e se tornou numa estátua de sal. O episódio de Lot e sua família aponta para uma espiritualidade sem muito significado, ao ponto de não provocar nenhum sentimento de seriedade nem na esposa e nem nos genros. A espiritualidade é vazia. Moralmente a família mostra o quanto a tradição pagã estava presente no seu padrão de vida, isso, por conta das filhas terem embriagado com o fim de gerarem descendentes. Fruto do pecado os filhos serão os pais dos futuros clãs que serão inimigos do povo que nascerá de Abraão.
Gênesis 20:1-18 - Os equívocos da Fé.
Nota explicativa: O que ocorre no capítulo 12 e neste sobre a mentira de Abraão mostra uma idade cuja moral era muito primitiva, e provavelmente a mentira não constitua pecado, ou algum ato reprovável quando esta visava poupar o marido. Mas, a ideia central não é bem isso, mas a questão da fidelidade e do adultério. A esposa era algo sagrado. Não podia ser tocada a não ser pelo marido se consolida nesta fascinante história. Agora a mulher do profeta, do homem de Deus era uma pessoa especial. Abraão não é reprovado pela sua mentira, mas Abimelec sim por ter desejado sua esposa mesmo de modo inocente. Observem que por conta disso, toda clã fica impotente e estéril até o momento em que as coisas não ficassem devidamente claras. A ideia, embora num mundo paganizado fica clara a respeito da fidelidade - o adultério traz prejuízo àquela nação inteira.
Gênesis 21:1-34 - O tempo de Deus
Nota explicativa: Finalmente o filho prometido a Abraão nasce. Observem que, o texto elucida o tempo determinado. Nem antes e nem depois. Houve um tempo certo no qual Deus faria concretizar na vida deste casal sua promessa. O nascimento de Isaque é a prova cabal de um homem e mulher que acreditaram. Todos ficariam admirados pelo feito. Como isso foi possível? Foi possível porque era uma promessa de Deus. O menino cresce e o pai dá um banquete quando foi desmamado. Na velhice Deus fez honrar uma mulher que biologicamente já não poderia amamentar ninguém. Sara então julga que Agar precisa ir embora pois, a promessa havia se cumprido e o herdeiro nascera. Abraão hesitou, o que levou o Deus manifestar que essa era a sua vontade. Embora Ismael fosse filho de Abraão, era, pois por meio de Isaque que Deus abençoaria a humanidade inteira. Isso não pode entrar no mérito de investigação. Deus é Deus para escolher quem ele quer e como quer. Agar vai para o deserto junto com o filho, mas Deus não o desamparou. A promessa de abençoa-lo e faze-lo uma nação de flecheiros era fato, mas o herdeiro da promessa estava sobre Isaque. Quanto ao relato que envolve o Abimelec se infere como lição é o testemunho do homem de fé que era Abraão, Abimelec reconhece que Deus era com Abraão, por isso era respeitado e bem visto. Abraão trazia a marca de Deus. Até aqui a terra de Canaã era uma disputa pelas mais diferentes clãs. E no meio disso Abraão caminhava na promessa de que aquela terra era de fato dele e de seus herdeiros. Embora tendo o conhecimento disso, sabia esperar em Deus sem querer criar algum conflito com os moradores, seus vizinhos. Procura ter paz com todos, pois no fundo da sua alma, que Deus já havia cumprindo uma parte da promessa, o filho. Quanto a terra e consolidação desta era uma questão de tempo e espera.
Gênesis 22: 1-24 - A prova da Fé.
Nota explicativa: O autor do livro de Gênesis por meio deste fato tem o objetivo de mostrar aos seus leitores uma história não desprovida de um conteúdo teológico, mas de uma reflexão sobre a fé e a que ponto o homem Abraão é provado em relação a esta. Oferecer o filho como libação parece contraditório da parte de um Deus que direcionou o homem sempre na busca de multiplicação de sua descendência. Abraão já era amadurecido o suficiente para entender que essa petição da parte de Deus era uma das provas pelas quais teve que passar. De algum modo, providenciou tudo para o sacrifício e quando questionado pelo menino, o pai não hesitou em responder que o Deus Todo Poderoso era o Deus Provedor. Ele iria se manifestar em algum momento, o certo era que ele continuasse na direção de sua fidelidade de entregar o filho. O texto não revela o sentimento em que este pai vivenciava, mas o ato era mais importante que qualquer sentimento. Apenas estava em evidência a obediência. Preparou tudo, dentro do mais perfeito holocausto. Quando pronto para imolar o menino o anjo do Senhor se manifesta. Abraão prontamente responde "eis-me aqui" de modo tão convincente cheio de alivio e de paz de ter sido aprovado. Deus providenciou o holocausto, revelando que nem no último instante entre crer e não crer ele vacilou. Abraão não desanimou creu contra todas as esperanças, ou seja, foi capaz de superar o próprio limite da espera. Continuou crendo. Por meio desse gesto profundo e amargo, sofrido, mas no final prazeroso Abraão recebe de Deus o testemunho de que por meio dele esta fé seria estendida a todos e assim todos seriam abençoados. Aquele monte teve um significado todo especial para Abraão de tal modo que cunhou um nome o monte que Deus se manifestou como Deus Provedor.
Gênesis 23, 1-17 - A morte de Sara.
Nota explicativa: O importante observar neste texto é compra do terreno no qual Abraão vai enterrar o seu morto. O túmulo de Sara é o primeiro pedaço de terra que de fato e de direito vai pertencer a Abraão. Uma terra na qual Deus havia prometido, mas que até a morte de sua esposa, não o possuía. O texto não aponta para algum desconforto quanto a isso. Sara deu o filho a Abraão, mas o sonho da terra ainda estava por vir. Seu sepultamento requer um pedaço de terra, a qual Abraão vai comprar dos filhos de Hete. Curiosamente a terra que agora pertence a Abraão é o túmulo de Macpela. Abraão era visto como o "príncipe de Deus". Respeitado, os povos da terra ofereceram a terra sem custo algum. Mas, Abraão viu que essa era a oportunidade de adquirir o pedaço da terra com dinheiro (quatrocentos siclos de prata) no qual ficava a gruta onde enterraria a esposa. O pedaço de terra que o adquiria era pois, terras da sepultura. Há sem dúvida um simbolismo nessa narrativa, o qual não podemos deixar de elucidar: toda essa história deve ser lida sob uma perspectiva escatológica. A terra tem um caráter pedagógico que só mais adiante sob uma síntese canônica seremos capazes de compreender. A única certeza que o homem deve ter nesta vida terrena, é a eternidade com Deus. Aquela pátria celestial almejada por Paulo e preparada por Cristo é a única certeza que deverá mobilizar nossas aspirações aqui na terra.
Gênesis 24:1-67 - Um casamento bíblico.
Nota explicativa: Abraão não esconde a preocupação de escolher àquela que junto com o filho vai garantir a posteridade eleita. Não há neste texto alguma epifania na qual Abraão pode se fundamentar, mas na sua atitude de querer uma mulher para o filho uma moça que fosse de sua parentela, revela de algum modo o cuidado e zelo de manter a posteridade sempre na linhagem que iria abençoar todas as famílias da terra. Por isso a mulher de Isaque não poderia ser uma mulher da região que habitava, pois, fugiria ao critério que provavelmente já havia posto no seu coração. Abraão leva o seu servo ao juramento de poder buscar uma donzela de sua própria tribo. O texto é cheio de detalhes, que revelam mais o aspecto teológico que histórico. O servo viajou até a terra da parentela de Abraão e lá desenvolveu uma teologia, sua oração, sua observação, o sinal que estabelece para saber a vontade de Deus, mostram os caminhos de um crente para se cientificar de que estava no caminho certo. Tudo foi de acordo com aquilo estabelecido de tal modo que o servo se viu impelido e orou agradecendo a Deus, pois ele, e somente ele que havia guiado os passos até a casa do irmão de Abraão. Ali o servo reconhece a bondade e benevolência do Senhor. O Senhor já era conhecido entre a parentela de Abraão, pois Labão irmão de Rebeca a jovem donzela, reconheceu no servo ser este "servo do Senhor". Foi dado a hospitalidade e a devida honra, mas o importante foi o relato que o servo fez. Era preciso que ele relatasse o que Deus havia feito com o seu senhor Abraão. O que o Senhor operou e qual era a missão dele ali. Após o cuidadoso relato, Labão e seu pai Betuel não hesitaram reconheceram que aquilo era vindo da parte de Iahweh. A ideia principal deste relato é a questão de se estar no centro da vontade de Deus. Nada até aqui teve como critério a não ser o que estava no coração de Deus. Não houve nenhuma epifania, mas uma busca do próprio homem em mergulhar na profundidade daquilo que Deus quer. Adoração é uma constante da parte do servo. O autor do Gênesis mostra que o fato em si não teria importância se não houvesse o objetivo de mostrar por meio desse fato o sentimento de adoração e de se estar na vontade de Deus como uma prática constante. Rebeca monta no seu camelo e vai para o deserto. De longe ela a vista um homem que vinha ao campo à tarde para meditar. Perguntou, pois quem era? E o servo respondeu que se tratava de seu senhor Isaque. Um encontro cheio de simbolismo; simbolismo que revela o caminho de Deus, dentro da mais absoluta perfeição. Quando se está no centro da vontade de Deus, quando somos capazes de discernir a vontade de Deus, a direção certa é inevitável.
Gênesis 25: 1-34 - A morte do Pai da Fé.
Nota explicativa: A escolha de Deus implica em separação. "Separar" dentre os demais. E ao escolhido está a responsabilidade de levar avante a fé que o pai havia sustentado. Antes de morrer, Abraão teve a preocupação de separar os filhos que tivera com as concubinas do Isaque, pois a este foi dado o direito de possuir a terra que Deus havia prometido bem como a bênção sobre as nações. Abraão morreu numa boa velhice. A expressão de "boa velhice" mostra que quanto a promessa de Deus ele estava absolutamente tranquilo; um homem que soube repousar nas promessas de Deus, sabe fazer de cada dia um dia sempre feliz. Isaque casou com Rebeca, mas era estéril. Isaque mostra com isso, o quanto dependia de Deus e o fez por meio da oração. Deus o ouve e Rebeca fica grávida de dois filhos gêmeos. Os dois filhos brigavam no seio de Rebeca, o que lhe causou desconforto, mas o Senhor se revela e diz tratar-se de duas nações. Sim as duas nações vão aparecer Edom e os descendentes de Esaú e os israelitas descendentes de Jacó. Mas, a ideia principal destes dois bebês se encontra quando fazemos uma síntese canônica com o texto de Romanos 9,10-14. Ao apontar para a realidade dos judeus e gentios, o apóstolo Paulo se reporta a esse fato. Os filhos da promessa são representados pelo menor (Jacó) e o maior representando de fato os judeus (os primogênitos) que como Esaú rejeitou o privilégio da primogenitura, assim estes rejeitaram a salvação por meio de Cristo. O texto mostra que Esaú foi negligente quanto ao direito de primogênito, pois por um prato de lentilha, o trocou com Jacó. No livro de Hebreus 12, 16 Esaú é lembrado como um profano, pois não honrou o direito de sua primogenitura, por isso se registra o apelo do autor de Hebreus com fim de que os cristãos não fossem como este, negligente.
Gênesis 26:1-35 - Deus se revela na cultura de um povo.
Nota explicativa: A ideia principal do episódio dos poços é o agir de Deus no meio das mais diversas circunstâncias humanas para de algum modo levar o leitor a pensar que o trabalho de Deus não exime o homem escolhido dos dissabores que tais circunstâncias o impõem; a fome contradiz a benevolência e provisão de Deus, mas é no meio desta, em que, antes que Isaque pensasse ir para o Egito, Deus intervém reiterando sua promessa e que Isaque não saísse da terra. O autor não demonstrou como a fome seria suprida, mas a palavra de Deus era suficiente; o que Deus estava requerendo era fé. Fé mesmo que a situação não fosse tão favorável. Crer no meio da fome. Crer no chamado deve estar acima de qualquer situação dramática, certo de aquele quem o chamou o guardará. A fidelidade de Isaque provocou prosperidade. No meio da fome semeou e o Senhor o fez prosperar. Enriqueceu muito mais. O caminho da fé é árduo, mas é seguro quando o homem se encontra no centro da vontade de Deus. Outra situação aparece. Os filisteus por inveja resolvem enterrar os poços que Abraão havia cavado. Água com certeza era um bem valioso no meio do deserto, mas os inimigos não se importavam com esse precioso bem, desde que Isaque e sua família não desfrutassem dos mesmos. Disputar, tapar, entulhar são ações humanas que parecem para quem sabe fazer distrair ou tirar do foco o chamado de Deus. Novamente estamos diante de um fato o qual Deus poderia ter poupado o seu servo, mas Deus não age assim. A epifania se dá no meio do humano, das situações humanas. O homem faz parte deste mundo. Aqui na terra não é nenhum paraíso celeste, pois, bem, as dificuldades são inerentes, mas a vitória, a certeza do cuidado divino é absolutamente certa. Isso deve ser visto na análise deste texto. Quando o homem persevera aparece no final o Reobot – o lugar de Deus que ninguém pode impedir de se desfrutar.
Gênesis 27 - O conflito gera Bênção.
Nota explicativa: Este texto traz duas coisas importantes. A primeira o conflito familiar da preferência pelo um dos filhos por parte de Isaque e Rebeca. A segunda é quanto à bênção como algo sagrado e absolutamente particular. Vamos ver a primeira: Desde o inicio do relato do Gênesis vemos o homem dentro da sua história e inserido na sua cultura, na sua mentalidade, isso reforça a veracidade dos fatos; não é algo mitológico. Deus se revela no meio das façanhas humanas e se utiliza dela para direcionar e consolidar os seus feitos. Por isso, na tradição oriental a prática de preferido e preterido era comum. E Deus se utilizou disso considerando que Jacó era àquele bebê que nasceu segurando os pés do seu irmão, por isso o escolhido por Deus para levar a posteridade de Abraão. Numa síntese canônica vemos Paulo fazer menção da escolha de Jacó (Romanos 9,13). A segunda coisa trata da bênção que está intimamente ligada ao chamado divino e isso é indiscutível. Deus escolheu Jacó, pelo visto, o “esperto trapaceiro”. Mas, quando essa bênção vem do pai, mostra a importância da autoridade delegada e a seriedade que isso constituía. Não era uma prática simples que pudesse ser negligenciada. Era algo profundo, pois, dizia respeito ao futuro do abençoado. A bênção era um tipo de certificado, um diploma que habilitaria o homem abençoado para a vida. A “briga” dos irmãos por conta da bênção aponta para o investimento que todo o crente precisa fazer quando toma consciência da plenitude de Deus na vida. É algo profundo que exige uma procura intensa. Rebeca de algum modo, embora a mentira, o que para o oriental era comum nesses casos, faz lembrar aquela mulher cananeia que foi atrás de Jesus pedindo cura para a filha. Jesus então disse que não era conveniente tirar os pães dos filhos e entregar-lhe aos cachorrinhos; ao que mulher respondeu que os cachorrinhos comem das migalhas que caem dos seus donos. Jesus elogiou a fé daquela mulher que, embora não sendo judia, sua visão de receber a bênção da cura quebrou o paradigma imposto pelo judaísmo de que a bênção da escolha era só dos judeus. (Mateus 15,21-28).
Gênesis 28:1-22 - A Promessa em Jacó.
Nota explicativa: O texto apresenta três momentos importantes. O primeiro é quanto à manutenção da promessa da terra. Isaque assegura ao filho que isso era uma promessa vinda de Deus, por isso mesmo que fosse para Padã-Arã, Jacó não poderia perder de vista a missão e o alvo para o qual foi chamado. Não se questiona como isso se fará, mas a fé na promessa deveria ser a motivação de sua caminhada. Isaque o abençoa com bênçãos de prosperidade, bênçãos de multiplicação, como continuação da bênção que o Senhor entregou a Abraão. O segundo momento é quando o próprio Jacó a caminho de Harã parou para descansar, colocou uma pedra no travesseiro e dormiu e teve um sonho. O sonho é uma revelação da confirmação dos planos e propósitos de Deus, a saber, fazer de Jacó e dos filhos um “sacerdócio” uma ponte para o céu. Por meio dessa família os homens encontrariam o caminho do céu. Jacó estava diante da responsabilidade, da atribuição que Deus lhe entregava de servir de “ponte” entre a terra e o céu. Jacó se surpreende diante da nobre missão e vê o quanto será grande a responsabilidade. Sob o olhar de uma síntese canônica, aplicamos esse fato como ilustração à missão da igreja no mundo. As “famílias” da terra as quais seriam abençoadas por meio da herança da fé herdadas desses patriarcas vão constituir a igreja de Cristo, caminho e porta do céu. E a igreja nasce nas mais diferentes circunstâncias, nasce do nada, nasce no “deserto”. Assim como Jacó fez um altar da pedra e jogou azeite, do mesmo modo, é preciso construir um altar de cada circunstância pela qual a igreja surge. O gesto de Jacó fazia parte de um ritual pagão, mas como faz parte do cânon sagrado, é preciso buscar um significado, o sentido mais coerente, não é gesto em si, o azeite, etc, mas a consolidação da compreensão que Jacó teve de sua missão, o que é traduzido com o azeite sobre a pedra. O terceiro momento, é o gesto de gratidão de Jacó, o seu compromisso de retribuir com o dízimo as benevolências que Deus iria lhe conceder.
Gênesis 29:1-35 - O encontro.
Nota explicativa: A revelação de Deus se dá por meio de duas maneiras. Segundo Lutero, meios que nem sempre estão de acordo com a sua santidade e sua natureza (opus alienum Dei). O Gênesis apresenta esses meios, e neste texto observamos o casamento de Jacó com as duas filhas de Labão. O casamento como modelo monogâmico, só foi estabelecido como lei divina a partir de Levítico. Portanto, tanto o casamento como os filhos, cujos nomes expressavam o “cuidado” de Deus são os recursos que Deus se utilizou para mostrar sua ação na condução do seu plano por meio da cultura e hábitos do povo de época. Maneiras que vão de acordo à natureza de Deus (opus proprium Deus) são aquelas nas quais Deus age de acordo com sua natureza e esse modo aos poucos vai se processando na consciência do seu povo. A revelação tem esses dois movimentos. Os nomes que recebem os filhos de Lia e depois os filhos das escravas e de Raquel dão conta de que Deus está no comando de todas as coisas, embora, tais práticas sejam estranhas na nossa visão de ocidentais. Mas, a ideia principal, não é tanto enfatizar o costume e sim a pedagogia de Deus, a saber, a relação familiar como uma comoção, cheia de afetividade capaz de provocar o choro de Jacó. Ao saber que estava diante da filha de Labão irmão de sua mãe não externou maior comoção se não por meio do choro. Deus estava conduzindo esse homem. Os detalhes dos rebanhos e do poço e sua abertura mostra a presteza de quem ama e reconhece a ação de Deus nos menores detalhes. Jacó ao se identificar encontra na Raquel o mesmo sentimento de alegria, o que mais tarde envolve o pai que se dispõe a uma farta hospitalidade. Um segundo enunciado é quanto ao pedido do casamento. Jacó trabalharia sete anos com o fim de obter o braço da amada. O trato fora feito, mas pelo costume era preciso desposar a mais velha. Nos três filhos de Lia vemos pelos nomes que cada um recebeu a benevolência do Senhor, pelo visto cada filho era fruto de um coração que amava a Deus. Jacó foi trapaceado como fizera com o seu irmão Esaú, embora o texto não faça nenhuma relação, pois, o plano da eleição era para o Jacó e não para o Esaú. Outra coisa nesta reflexão é quanto o tempo de espera. Muitos textos da Bíblia poderiam nos servir para construirmos uma "associação e síntese canônica", mas, é fato que essa espera vai ser uma constante em toda a Escritura, para nos ensinar que sempre há um tempo para Deus agir, quando tudo for sendo processado, na mais perfeita completude, o momento de Deus agir chega.
Gênesis 30:1-43 - Invejas e intrigas.
Nota explicativa: O texto continua no mesmo movimento da revelação de Deus por meio da cultura e do contexto familiar da época. Os conflitos no ambiente familiar de Jacó, inveja e intrigas compõe o cenário que mistura ação de Deus e costume popular. Os nomes dos filhos lembram a crença e religiosidade de que estes eram presentes de Deus que respondia ao infortúnio das mães rivais. O importante é, pois observar que a ideia principal é o filho de Raquel, a emancipação de Jacó do sogro Labão e o método que Jacó usou para multiplicar o seu salário, como compensação por aquilo que o sogro no passado o trapaceou. O filho de Raquel vai servir de suporte para aplicação do perdão e da misericórdia; a emancipação é ação de Deus para Jacó voltar à terra que o Senhor havia prometido aos seus pais; e quanto o método usado para ser recompensando era orientação do Senhor para Jacó sair do sogro abençoado (Gênesis 31,11). Jacó já havia dado tudo de si, aprendeu ser verdadeiro e foi honesto. De algum modo quando o homem age assim, a recompensa é um fato consumado.
Gênesis 31:1-55 - O aprendizado.
Nota explicativa: A promessa de Deus segue obedecendo a um processo, um desenvolvimento, uma evolução no meio das façanhas humanas. A história do agir de Deus, é a história de uma consciência sobre Deus, e aqui, segundo o texto estamos ainda no estágio primitivo deste processo. Não podemos ler o Antigo Testamento sem essa perspectiva, pois, a compreensão ficaria deveras empobrecida. Este texto tem alguns momentos. O primeiro momento trata da epifania, a qual reafirma que, Jacó precisava voltar, pois o Senhor estava com ele e cuidando dele, e o momento de voltar à terra da promessa haviam chegado. Não poderia ter fugido, mas o fato mostra o lado humano do processo. Mesmo sob a garantia da segurança de Deus, ele saiu sem o consentimento do sogro. Jacó enfatiza às esposas que, Deus era o Senhor de sua vida e tudo o que ele estava fazendo inclusive as riquezas que tinha era provisão divina, pois, havia uma promessa sobre ele, e ainda, ele havia feito um voto ao Senhor, por isso Deus estava o honrando. Labão vai atrás de Jacó e de suas filhas, mas antes Deus aparece a Labão para que este não fizesse nada ao marido de suas filhas, pois, o Senhor estava com ele para abençoa-lo. Acontece um fato estranho através do qual Jacó se indignará e manifestará o seu descontentamento, fazendo um breve relatório do seu trabalho na casa de Labão. O fato diz respeito aos ídolos que Raquel roubou e escondeu. Raquel usou de estratégia para não ser revistada. O que se observa é que o ídolo não foi encontrado o que fez com que Jacó fizesse o resumo do seu trabalho. O segundo momento do texto trata desse relatório. Dele podemos inferir alguns ensinamentos para serem aplicados quando se responde ao chamado de Deus. Jacó foi zeloso quanto ao cuidado dos rebanhos, nenhuma ovelha abortou, nenhuma se perdeu, e àquela que se perdia ele a restituía, o salário foi mudado dez vezes, ele passou frio e calor, mas nunca trouxe nenhuma ovelha despedaçada. Jacó afirma que se Deus não fosse com ele, ele sairia da casa de Labão de mãos vazias. O que isso nos ensina? O exercício do ministério sacerdotal requer empenho, dedicação, desapego, é deixar-se ser sustentado por Deus. Deus sempre o honrará, e nunca despedirá o ministro de Deus de mãos vazias, pois, o ministro é um escolhido por Deus e logo é Deus que o sustenta.
Gênesis 32:1-32 - A luta santa.
Nota explicativa: O texto é uma continuação dos fatos do capítulo anterior e apresenta três momentos importantes. O primeiro momento apresenta a volta de Jacó e a aparição anjos de Deus, o que Jacó identificou como o exército de Deus. Esta epifania lhe assegura que ele está na direção do Senhor, mas isso não o livrou do temor que estava do seu irmão Esaú, pois, sabia que lhe havia um débito. Assim como o pecado diante da justiça divina que merece ser punido. Jacó temeu e para suavizar provável fúria, Jacó se arma de presentes. Reconhece sua limitação. E ao fazê-lo, pede ajuda de Deus. O segundo momento, Jacó pede ajuda de Deus por meio da oração; ao fazê-la reivindica a palavra da promessa de Deus; se ele estava ali é porque Deus o tinha mandado e assim, esperava que essa mesma palavra e por conta dela fosse guardado pelo Senhor. É uma oração de pedido de socorro, de confiança. O importante neste pedido é a relação que Jacó estabeleceu com Deus; uma relação de confiança e total dependência na sua palavra. O terceiro momento é quando, o homem aparece a Jacó e começa a lutar com ele. Lutou a noite inteira. O importante é observar que não foi uma luta contra Deus e sim, com Deus. Jacó entendeu que aquela luta não era uma luta convencionou, mas uma luta que vai ultrapassa a visão humana, pois o coloca diante de uma “fala” de Deus da qual ele precisa se inteirar. Não deixou o homem partir enquanto este não o abençoava. Foi então que, o homem de Deus pergunta qual era o seu nome, ao dizer - Jacó, o Senhor lhe revela seu chamado e sua missão. Eis, o momento no qual é único. Jacó estava diante da sua missão implicada na sua nova identidade. Israel é aquele que vai lutar com Deus, ao lado de Deus, em prol de sua causa, da obra de Deus. A identidade deste homem não poderia estar dissociada de sua missão. A mesma que se estenderá a toda a nação que vai nascer dele.
Gênesis 34:1-31 - A traição.
Nota explicativa: Um conflito entre duas tribos. A prática de não contrair casamento com pessoas de outras tribos não era comum, mas não era um ato reprovável. A família de Jacó diferenciava das demais por conta da aliança que Deus fizera com Abraão que pedira como sinal a circuncisão. O fato de Diná ser humilhada por Siquém elucida o papel da sexualidade como algo que deveria ser a partir do contrato do casamento, o contrário era visto como algo imoral e perverso. Houve uma negociação para evitar um conflito maior. Uma vez que o acordo, já havia sido celebrado, o não comprimento se tornou um ato cruel tanto quanto a desonra sofrida por Diná. Os siquemitas se submeteram ao ato da circuncisão. E na convalescência, os filhos de Jacó, Simeão e Levi agem de modo traiçoeiro e cruel. Numa “síntese canônica”, Jacó no momento final de sua vida ao abençoar os seus filhos não reservou uma bênção especial para os mesmos, a não ser, que Deus os reprovava: “Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência. No seu secreto conselho não entre minha alma, com a sua congregação minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua teima arrebataram bois”. Gênesis 49:5-6. Um contrato não pode ser violado. A traição é algo que Deus condena. Siquém quis reparar o dano se casando, mas os filhos de Jacó não se deram conta que a sexualidade tanto quanto a fidelidade ao pacto deveria ser honrados.
Gênesis 35:1-29 - A nova identidade é consolidada.
Nota explicativa: Deus aparece novamente a Jacó, e esta epifania tinha como objetivo trazer a Jacó para uma intimidade de adoração. Como temos visto esses fatos revelam o processo pelo qual a ideia do monoteísmo vai cada vez mais se consolidado. A ideia de um único Deus, aquele que ouviu a oração de Jacó no meio da sua aflição. A ele toda honra e adoração. Deus confirma novamente a nova identidade de Jacó. Agora Israel, aquele que traz na sua própria identidade, a marca da sua missão. Sua missão era abençoar todas as famílias da terra por meio da religião que professava a fé em Javé. Jacó chama toda sua família para este compromisso. O compromisso com este Deus que livra, que guarda, provê e zela. Jacó é o único a experimentar esse Deus, mas agora quer que toda sua família, se desfaça de seus ídolos, se purifiquem, pois a idolatria é um ato imoral e sujo, pois, vai de encontro com a soberania de Deus. Outa coisa que vale a pena ressaltar é as três perdas que aparecem no texto, Débora, Raquel e Isaque. É preciso elucidar que na cultura deste povo, nos primórdios de sua caminhada, não havia nenhum culto ou reverência aos mortos. Embora sendo sempre encarado com dor, o autor do Gênesis não faz nenhuma menção teológica sobre a morte.
Gênesis 36:1-43 - Deus conduz a História
Nota explicativa: O objetivo do autor do Gênesis é cientificar seus leitores do caráter absolutamente histórico de suas narrativas. Os nomes aqui mencionados e a separação das tribos de Jacó e Esaú reforçam a ideia, de que os acontecimentos bíblicos não são conteúdos mitológicos, ou alguma ficção de uma mente brilhante. O autor se preocupa apresentar a história, pois, os personagens aqui presentes são homens e mulheres históricas, presentes na sua história, na sua cultura. Não personagens fictícios, mas personagens que contribuíram para a formação dos diferentes povos. Agora, como lição de vida, é o fato do quanto Deus se utiliza dos acontecimentos para mostrar verdades espirituais. E o quanto Deus está no comando dessa história; é o Senhor da história.
Gênesis 37:1-36 - A controversa - A História de José .
Nota explicativa: A partir deste texto começa uma nova face dessa história intrigante e fascinante. Pelo visto, Deus parece ficar distante dos acontecimentos, mas não é bem assim. A ideia é a como a família se processo, ou evolui a partir dos conceitos que já haviam aprendido. A inveja é, pois uma ação maligna que procura destruir o outro para não reconhecer as qualidades que este as tem. A preferência do filho José denota sim o lado humano da história. Mas mesmo assim, vai desembocar no propósito divino. Os irmãos procuram destruir o irmão, revelando a crueldade e perversão de uma família que ainda não experimentou o amor de Deus na sua plenitude; falar de amor é ainda primitivo, mas este ódio redundará no perdão que o filho José retribuirá, então, fica na mentalidade dessa gente, que nem sempre o ódio é retribuído com ódio – o amor é a única arma que despotencializa o ódio, e isso os irmãos de José não tinham. Mentem ao pai, dado o desespero que causou a todos quando não viram o seu irmão na cisterna. O sentimento é de um arrependimento discreto. Querem poupar o pai, e pra isso inventam uma história, e não assumem a culpa de serem os responsáveis pelo desaparecimento do irmão. A túnica e as moedas de prata apontam numa síntese canônica o sofrimento pelo qual passará o Messias. José demonstra perfil de uma natureza que contemplamos somente em Jesus, a saber, o perdão, a pureza e graça. O capítulo também apresenta o mal na sua dimensão ao outro. Embora um dos irmãos tenha dito que “matar” seria uma crueldade, pois, era irmão e filho do mesmo pai, prevaleceu o conluio para a maldade, de uma mal que se prolifera, cria raízes e conspirações pérfidas. O poder de influência para mal está na natureza humana, razão pela qual os valores espirituais devem ser cultivados sempre para banir e deter tamanha maldade.
Gênesis 38:1-30 - O poder do contrato.
Nota explicativa: A revelação da palavra de Deus segue o seu curso em meio aos costumes e hábitos pagãos considerando que, estamos num processo de formação de consciência sobre Deus. Mas, mesmo assim é possível tirarmos lições sob a luz de uma contextualização. Vejamos, Judá se casa com uma mulher filha de um cananeu. Não seguiu os costumes dos pais. Sua ação trouxe prejuízo a ele mesmo, por conta de uma atitude precipitada em nome de uma tradição. A tradição era que os seus filhos deixassem descendentes. A descendência significava honra, significa um status, uma condição privilegiada de prosperidade e de história. Não deixar descendentes era não deixar história. E a tradição implicava que a morte de homem sem deixar descendentes implicava que o irmão deste, casasse com a cunhada para fazer honrar o irmão falecido. Onã, porém priva a esposa da fecundação. E isso causa indignação a Deus. Há uma dualidade neste episódio quanto à indignação do Senhor. O texto não mostra se a privação forçada por Onã ou o fato de não querer dar descendentes ao irmão. No entanto, a lição pode estar relacionada à obediência. Havia uma ordenança da parte de Judá, e o filho Onã não obedeceu e seguiu o seu intento. Quanto ao último filho, Judá não cumpriu sua palavra. Portanto, o “laço” que ele agora vai cair, está relacionado a palavra que não foi capaz de cumprir. Como lição podemos nos assegurar da palavra. E quanto a esta sob uma síntese canônica verificamos as palavras de Jesus quando nos adverte sobre o nosso falar o qual nos diz que deve ser sim, ou não e o que proceder disso é maligno. Em Mateus 12:36-37 o Senhor Jesus nos adverte: “Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado”. Quando não formos fiéis àquilo que nos propomos, os resultados nem sempre são o que esperávamos. Judá não cumpriu com a palavra e isso fez com que caísse no laço da nora. Esse episódio aponta para a seguinte reflexão. Pelo visto, a nora de Judá deveria morrer por conta da sua gravidez. Judá havia dito que ela seria queimada. Mas, ao mesmo tempo, Judá não havia se dado conta que havia se prostituído. Portanto ambos estavam condenados. Mas a lei ainda não havia se promulgado. As leis eram de caráter tribal; não havia ainda um caráter ético, universal. Mas a lição é com a mesma medida que julgamos nós também seremos julgados. Judá se deu conta do laço em que estava. Não poderia penalizar a nora, pois, ele mesmo também seria penalizado por conta do trunfo que ela tinha nas mãos. A lição é clara, sob a pedagogia de Deus, fica estabelecido que o homem é julgado de acordo com que julga os outros, quando isso é entendido e crido, se desfaz a possibilidade de se cair num legalismo e numa espiritualidade ou moral falsa.
Gênesis 39:1-23 - A fidelidade de Deus com José.
Nota explicativa: Três momentos importantes passam no texto, o primeiro é quanto à presença de Deus na vida de José. Não obstante tudo o que passara e a condição na qual nesse momento se encontrava - escravo, o Senhor era com ele, eis a grande diferença. A presença do Senhor na vida dele fazia com que não somente ele era abençoado, mas até os pagãos que com ele estavam. O texto não leva em conta até aqui os que os irmãos de José fizeram com ele. Lá ficou sua família, e o relato da história anterior, que envolveu Judá, revela a condição moral em que a família estava. Mas, com José o curso da história segue diferente. Ele era próspero em tudo, pois Deus estava com ele. A segunda coisa é quanto a questão da sexualidade e da sedução, estas aparecem novamente. A consciência sobre traição, adultério, pureza e impureza que envolve a sexualidade já era de algum modo consolidada. Ao ser tentado pela mulher de Potifar, José revela o conceito da pureza na sexualidade. Se, se entregasse ao desejo voluptuoso da mulher, ele, não só estaria traindo o seu senhor, o patrão bem como estaria pecando contra o Senhor. Talvez José fora infeliz entrando na casa num momento em que esta estava somente com a mulher que o tentava; ao resistir firme e correndo desesperadamente, não se deu conta da armadilha que havia deixado para trás. Suas vestes vão ser usadas contra ele mesmo. O jogo sórdido da mulher de Potifar revela o instinto de vingança e ódio, quando os anseios voluptuosos são frustrados. Finalmente, no terceiro momento observamos o preço que se paga por amor à verdade e pureza. Aqui fica estabelecido, que a verdade, quando se abraça e se acredita tem um preço; mas mesmo assim, não vemos um José descontente, ou murmurando pelo infortúnio que sofrerá. Vendido pelos irmãos, e agora por amor à pureza sofre o dano de um falso testemunho, de uma mentira. O que nos chama atenção é sua fé, pelo visto estava acima de qualquer circunstância. E quando se mantem a identidade do temor a Deus, mesmo nas piores condições da vida o Senhor Deus ampara e cuida.
Gênesis 40:1-23 - Os sonhos de José.
Nota explicativa: Não cabe a nós a interpretação dos sonhos. Mas. Deus é Deus e nada é mistério diante de seus olhos; tudo pode ser explicado, até os sonhos os mais confusos. Foi acreditando nisso que José se apoia. Ele tinha convicção absoluta disso. Era um jovem crente e convicto do Deus dos seus pais. E sabia que Deus o agraciava e que ao seu tempo sairia dali. E realmente tudo foi se desenrolando. Deus estava no comando de todas as coisas, e reiterando, o que temos visto, Deus atua a partir de um processo. Não poderia fazê-lo de imediato. Mas a situação histórica era importante para Deus se fazer valer. José se coloca a disposição de interpretar o sonho daqueles homens. Aqueles homens precisaram se desentender para pararem no cárcere junto José; após isso o sonho. Tudo estava sendo escrito com as mãos de Deus. Dado a interpretação, José pediu que o copeiro mor que se lembrasse dele diante do Faraó, mas este se esqueceu. Observem que, não era como o José queria, talvez quisesse por meio da revelação e sua concretização pudesse ganhar a liberdade, mas foi em vão, para assegurar aos leitores do Gênesis que tem que ser como o Senhor quer e não como o homem.
Gênesis 41:1-57 - José honrado por Deus.
Nota explicativa: O texto é claro, nada, está alheio a Deus, ele é o Senhor da história. Há um propósito divino. Podemos inferir a partir disso que Deus intervém na história quando ele tem algum propósito, mas a história é produto do homem, desde que não haja um propósito específico de Deus. O relato do sonho do Faraó é bem isso – um propósito específico. E qual era? No decurso do livro verificamos esse propósito. Portanto, tudo o que aconteceu com José até aqui estava no controle do Altíssimo. Finalmente, o copeiro mor se lembra do José quando faraó tem o sonho, o qual seus adivinhos não foram capazes de desvendá-lo. Mas, José, que já havia interpretado o seu sonho poderia fazê-lo. Ao ser consultado, José atribui a interpretação a Deus. Sim, não era habilidade dele, mas de Deus. A interpretação foi coerente, e isso fez com que Faraó desse ao José o cargo de primeiro-ministro. Quanta honra! Era Deus com ele; quando Deus está com o homem, tudo acontece no tempo oportuno de Deus; esperar, esperar é a condição que o crente deve ter em relação às promessas de Deus. José era um jovem crente. Passou por todos os percalços, mas soube manter-se integro diante dos olhos de Deus, fato que se confirma com o nascimento dos seus filhos. O primeiro Manasses que significa: ‘Deus me fez esquecer de todo o trabalho, de toda a casa do meu pai’. Mostra o quanto ele já havia superado todo o seu passado em relação aos seus irmãos. Isso não mais lhe causava dores. O segundo filho Efraim, que significa ‘Deus me fez crescer na casa de minha aflição’ mostra primeiro, ali não era a sua casa. Ele estava num país estranho, numa nação na qual fora desonrado, preso, mas não obstante, o Senhor sempre foi com ele. Deus abençoa quem persevera mesmo nas mais diferentes dificuldades, as quais aparentemente, são ruins. Mas, quando a fé e caráter são preservados, Deus sempre honra e o faz prosperar.
Gênesis 42:1-38 - O encontro de José com seus irmãos.
Nota explicativa: A fome obriga os irmãos de José irem ao Egito. Lá chegando se apresentaram ao governador sem saberem que se tratava de José. Bem sabia José que era seus irmãos. Mas quis de algum modo provocar pânico, para que por meio deste, eles se lembrassem do que fizeram no passado com o irmão. Não havia maldade no coração de José. De tal modo que, quando os filhos falam do pai e do irmão mais novo se comove e se retira para chorar. O choro de José era o choro da saudade, choro de que no seu coração não havia mágoa e nem dor, mas complacência e misericórdia. A atitude de José me querer ficar com um dos irmãos até que lhes trouxessem o menor que ficara com o pai, era uma ação para que reconhecessem o pecado que cometeram o dano e valor da justiça na qual presa que o mal deve ser punido. Eles sem saberem que estavam diante de José reconhecem o dano que causaram ao José, e agora pelo visto Deus estava requerendo o seu sangue. José diante da confissão sem eles saberem, retribui com o perdão. Devolve-lhes o dinheiro como bondade e graça. No coração de José não havia sentimento de vingança, mas de perdão. Os irmãos de José voltam para Canaã, e Jacó ficou resistente em enviar o seu filho, Rubem, mas não vai haver saída. Ou ele confia ou confia.
Gênesis 43:1-25 - O perdão.
Nota explicativa: O perdão não é sentimento, pelo visto, segundo a visão do autor do Gênesis. Este começa com uma ação, uma confiança que Jacó deposita ao Senhor que usará de misericórdia. Por isso os presentes os quais Jacó envia-os a José sem saber que se tratava do seu filho, e a permissão de levarem o filho menor Benjamim mostram que o perdão exige uma reparação. Não há verdadeiro arrependimento e perdão se não for investido de gratidão de reconhecimento verdadeiro do dano causado. Finalmente quando o perdão é recheado desses nutrientes, é possível desfrutar do banquete. O banquete sinaliza a concretização do perdão.
Gênesis 44:1-34 -
Nota explicativa: O objetivo do autor era mostrar o caminho da justiça. Justiça implica no reconhecimento do dano causado. Portanto a ideia era poder estabelece na mente dessa família, desses irmãos, o mal que causaram no passado. José não está brincando com eles, pois, o perdão já era certo por parte de José, mas todo o processo, desde o banquete, até o copo de ouro colocado no saco de mantimento do menor Rubem, revela o tempo de reflexão. Nesse tempo eles terão que se humilhar chorar. Terão que entender que se voltarem sem o irmão menor seria a morte do pai, posto que, no passado eles mesmos causaram profunda ferida no coração do pai pelo que fizeram ao irmão José. Se voltassem sem o menor, Judá estaria nas mãos de Jacó para que este lhe fizesse o que lhe fora conveniente. Esse é o mais profundo pedido de perdão.
Gênesis 45: 1-28. A alegria do encontro.45, 1-28.
Nota explicativa: Após a confissão do capítulo anterior, José não conteve a emoção. Pediu que todos os homens saíssem de sua presença, pois queria chorar e revelar aos irmãos quem ele era. José tão profundamente que seu grito foi ouvido em todo o Egito. Era o grito do perdão; da emoção da alegria. Abraço o irmão mais velho. E conforta os demais irmãos com as palavras de que foi Deus que o conduziu até aquela terra do Egito. Com isso, José garante que eles, os irmãos esquecessem o infortúnio e a traição, pois tudo estava no controle de Deus. Foi o próprio Deus que o conduziu àquela terra para protegê-los. Deus usa de situações humanas para mostrar o seu amor e sua misericórdia. Quando de volta a casa de seus pais, qual não foi à alegria. José estava vivo. A dor e saudade agora dava lugar para o regozijo e alegria. O perdão de Deus é o refrigério para alma. É bálsamo que conserva a paz.
Gênesis 46:1-22 - A palavra de Deus se cumprindo.
Nota explicativa: A ideia principal deste texto é aparição de Deus a Jacó para confirmar que sua ida para o Egito está no desígnio do Senhor. No primeiro momento parece um pouco estranho tudo isso, pois, o Senhor promete uma terra e esta não produz alimento suficiente e por conta da fome, a família de Jacó, a família da promessa precisará imigrar para o Egito. Mas, precisamos olhar um pouco para capítulos anteriores lá, no passado Deus já havia dito ao Abraão que seu povo iria para o Egito e lá permanecer durante 400 anos e depois voltaria. Sim, precisamos fazer uma síntese canônica para compreendermos os planos e desígnios de Deus que fogem a compreensão racional. Mas, depois que lermos todo o Pentateuco é possível entender que, a liberdade só pode ser aspirada e dada o devido valor quando, pois, se sente privado dela. E isso o povo terá que vivenciar e passar.
Gênesis 47:1-31 - Deus é com José.
Nota explicativa: Não resta dúvida de que este capítulo elucida a capacidade administrativa de José; sua sabedoria e suas habilidades não se esgotavam ante a terrível fome pela qual passava todas as terras. Todos os bens se tornaram da coroa e esta lhe garantia o pão. Por último não havia mais de onde o povo tirar a não ser entregar-lhes a própria vida a serviço do rei, da coroa em troca de comida e alimento. Tudo pertencia à coroa, mas, pelo visto era justo, segundo a sabedoria de José, pois, esta lhe garantia o alimento. Não havia escolha para o povo. Mas o povo não ficou desprovido. Eles trabalhavam na terra, uma parte pertencia à coroa e a outra pertencia à coroa. José pelo visto foi o homem a inaugurar a política de impostos, no qual o poder público, a coroa tinha uma parcela de participação dos bens do povo, desde que esta lhe garantisse a sobrevivência. Mas, este é o modelo de um governo teocrático, ou de um movimento teocrático em relação aos bens e propriedades dos homens. Deus é o Senhor da terra, ele a coroa que governo é o que mantém o nutriente da vida. É ele quem dá semente para ser plantada e colhida, mas em troca espera o reconhecimento e gratidão. José pelo visto traz essa ideia como uma lição para todos.
Gênesis 48:1-22 - A importância da Bênção.
Nota explicativa: É importante observar o breve relatório de Jacó, nele, fica claro sua fé. Tudo na sua vida foi motivado pelo Senhor. O Deus dos seus pais lhe assegurou a mesma promessa destinada a eles. Ele recebe e acredita e agora no final da vida delega isso para a posteridade. O objetivo do plano de Deus estava claro para Jacó. Por isso que, por meio de Jacó agora Israel, a nação se consolida como uma família de Deus. Quando abençoa os filhos de José se preocupa em passar pra eles, que mesmo eles terem nascido no Egito, à benção da herança estava sobre eles, também. Na sua bênção manifesta a fidelidade de Deus e o quanto Deus o guardou por meio do seu anjo. Ele diz ainda que vai morrer, mas assegura aos seus descendentes que Deus dos seus pais estaria com eles. Este é o momento importante na vida de Israel. Toda a promessa feita a Abraão ali parcialmente se concretizava. Deus fora fiel. Por meio dessa família todas as famílias da terra seriam abençoadas. Israel os assegura que deveriam voltar à terra que Deus havia prometida aos seus pais.
Gênesis 49:1-33 - Bênção e sentença.
Nota explicativa: A bênção tinha um caráter importante, estava relacionada ao futuro de cada um. A presença de Deus na vida de cada filho e de cada família. Mas este capítulo não só limita a benção, mas como sentença e juízo. Precisamos dar ênfase nessas duas coisas, bênçãos e juízos, pois, quando Jacó abençoa alguns, sentencia os outros, a exemplo Rubem que cometeu o incesto, Simeão e Levi que agiram traiçoeiramente matando os siquemitas. Mas, a Judá há algo profético. Concordam os pais da igreja que, de Judá descenderá Davi e deste a linhagem de Cristo. Portanto, Judá ficará com o cetro, o poder e soberania até que o reino atuará de outra forma, será o reino do Senhor Jesus Cristo. Mas, além disso, chama a nossa atenção, a traição de Simeão e Levi, estes maquinaram e executaram a morte dos siquemitas. Muito tempo depois, parece que tudo havia se esquecido, e o passado deu conta de fazer desaparecer tal feito cruel, mas, na velhice, na hora de sua despedida para ir para com os seus pais, Jacó sentencia, os dois irmãos dando-nos a entender que o juízo vem. Nada fica impune aos olhos de Deus. Deus é justiça e tudo aquilo que foge a sua equidade e justiça Deus pedirá conta. Jacó no final teve uma morte serena, a morte do justo, a morte de um homem que sempre acreditou nas promessas de Deus. A morte para este homem não era algo trágico, era fato, morreu com a grandeza de espírito do dever cumprido. Ao juntar suas pernas, revelam que ele estava preparado para partir para estar junto com os seus. A lição sobre a morte se limita nisso, não havia nenhum cerimonial, ou algum ritual ou alguma ideia sobre a vida após a morte, pelo que parece, “congregar com os seus” era tudo que o autor do Gênesis sabia.
Gênesis 50:1-26 - A despedida.
Nota explicativa: Este capítulo trata do funeral de Jacó inicialmente. A tradição era a mesma que se seguia no Egito. A dor do luto, porém, era visível. José é o personagem mais importante dessa longa história após Jacó, então se dão a ele uma atenção, pois Deus assim o queria. Até Jacó a promessa ainda não havia por toda consumada. Jacó deixava a responsabilidade dos filhos continuarem a nutrir a mesma esperança. Outro momento do texto é a morte de José, e lamentavelmente o livro do Gênesis que começa a manhã bela da criação, agora no final termina com o homem dentro do caixão. Lá na criação temos as mãos de Deus, aqui no final temos as mãos dos homens, o resultado de suas escolhas. Mas, mesmo assim, sob o luto descrito neste último verso, há a esperança da ressurreição. Nada termina num caixão. A vida humana e terrena pode ter o fim assim, mas a esperança da ressurreição fica no coração de quem crer. A justiça de Deus nos motiva a crer que a ressurreição, o juízo, a misericórdia são elementos que ainda aguardam o tempo certo para acontecer.
Obs.:Hoje dia 07 de maio de 2012 concluí este trabalho.
LIVRO DO ÊXODO.
Nota explicativa: Uma nova etapa começa na vida da tribo de Israel. A palavra profética a respeito da nação que se tornaria escrava no Egito agora estará se cumprindo. Observamos no texto, que o povo de Deus cresceu, se tornou numeroso, mesmo o Faraó, ordenando que as parteiras matassem os bebês meninos, não serviu de impedimento. A nova medida era mandar matar todos os meninos. O importante é observar o desenrolar dessa história. Começa com a escravidão, de acordo como o Senhor havia dito aos seus antepassados. Não obstante vemos a pedagogia de Deus nas páginas do texto. A libertação passa a ser anseio de vida quando se é privado desta. Considerando mais uma vez que se trata de um processo, de um processo sobre o agir de Deus, logo, isso deveria vir de valor em valor. Pelo visto esse é o momento para Deus ampliar os seus objetivos, em relação ao seu povo, em relação à missão deste povo de abençoar todas as famílias da terra. O importante aqui são os conceitos de “escravidão” e de “libertação”. Duas coisas antagônicas, mas carregadas de significativos, os quais aos poucos esses conceitos vão se clarificando.
Êxodo 2:1-25 - Juventude e vocação de Moisés.
Nota explicativa: O texto apresenta dois momentos. O primeiro momento é quanto ao nascimento de Moisés. Algo inusitado! Mas rico em mensagens, como por exemplo, o zelo e o cuidado do Senhor por meio de sua mãe. A mãe não tinha escolha para manter o menino vivo a não ser do recurso dela mesma, mas, quem sabe certa de que o Senhor o guardaria embora não era isso que o texto quer dizer. Mas, o desenrolar abre a possibilidade, sim do cuidado de Deus. A mãe viu ser esta a única maneira de guardar o seu filho da fúria do Faraó. De algum modo alguém iria encontra-lo e protege-lo. E assim acontece o milagre, quando a providência divina dá todo o amparo e cuidado de acordo com o coração aflito de uma mãe que improvisou a guarda de seu bebê. E o surpreendente vem depois, a própria mãe, é quem vai tomar conta da criança, do seu filho. Pelo visto, a mãe educou seu menino na cultura e monoteísmo do seu povo, posto que quando cresceu, visitando o seu povo, avistou um egípcio maltratando um hebreu. Isso lhe provocou indignação e agiu por conta própria, deu cabo ao egípcio. Isso vai lhe custar a saída da corte, pois no decurso também quis apartar a briga entre dois hebreus. Mas, estes não entenderam a intervenção de Moisés. Moisés julgou que ele poderia ser denunciado e então fugiu para o deserto. O importante aqui, ressaltar é o conceito que Moisés tinha a respeito de sua identidade cultural e religiosa. Pelo visto não estava preocupado com os privilégios da corte, mas como se integrar no meio do seu povo. O segundo momento do texto, é o fato do povo se dando conta da sua servidão começa a clamar ao Senhor por libertação. A condição em que estavam não era, pois, o que Deus havia prometido. Aquilo não passava de um estágio, no qual ao fim deste Deus cumpriria sua libertação e retorno. Agora, o clamor é significativo, pois, a espera também pressupõe o apelo humano que significa a dependência total ao Deus que prometeu libertação e a posse da nova terra.
Êxodo 3:1-22 ´A vocação de Moisés.
Nota explicativa: Temos aqui cinco coisas: 1) O chamado de Moisés. Um chamado especial. Nele o Senhor se apresenta, inculca na mente de Moisés, que, diferente de outras divindades, ele era o Deus dos seus pais, e que agora se apresentava como Santo. O conceito de “santo” separado, sem corrupção, nada de profano havia nele. Era o Deus Criador. O lugar onde ele está é absolutamente santo, por isso, Moisés precisava tomar o devido cuidado, pois o profano não se adequa ao sagrado, portanto despir-se das sandálias tinha um significado todo especial, era despir-se de si, do seu caminho, da sua história. No chamado de Moisés Deus não só diz qual era o seu plano, bem como diz que ele, Moisés era o escolhido para executa-lo. Tarefa árdua com certeza. 2) Deus deixa claro para Moisés que ele não estava alheio ao sofrimento e aflição do seu povo. Ele acompanhava e agora chegou o momento, o tempo oportuno para dar continuidade ao segundo momento do seu plano, a libertação para uma terra deleitosa: a terra que Deus já havia prometido aos seus pais. Uma terra diferente desta na qual era escravos. A visão de uma terra deleitosa é a perspectiva daqui pra frente. 3) O povo clama e esse clamor chegou aos ouvidos de Deus. Poderia não clamar, sabendo que Deus já tinha a promessa de libertação? Sim! O clamor é o pedido de ajuda, de uma realidade limitada e humana, para o milagre do sobrenatural do que Deus possa realizar. O clamor significa a total limitação do homem ante a dependência de Deus. O povo precisava clamar, pois isso de algum modo registra a relação de dependência, de abandono aos braços fortes do Senhor. 4) Moisés se vê “pequeno”. Mas Deus não o engana. Para que ficasse tranquilo o Senhor o assegura de que Deus é o Senhor da história, ele estava no comando, ele mesmo interviria no momento oportuno. Moisés não estava entendendo nada, mas aos nossos olhos hoje é simples. Tratava-se de um ensinamento, a respeito de duas realidades que estão absolutamente relacionadas ao plano divino, a saber, a escravidão e a libertação. O processo, a transição entre a opressão e a libertação não é tão fácil do ponto de vista do humano. Exige um investimento espiritual, uma “negociação” espiritual. Isso é tão verdade, posto que, Moisés não vai libertar o povo baseado na sua força humana: ele seria apenas um instrumento, mas a ação seria de Deus, no entanto Moisés precisava de dois instrumentos, crer e se encorajar sempre. 5) Finalmente a quinta coisa que é interessante observar é a personalidade de Deus. Não se tratava de uma força, ou alguma divindade – era o EU SOU – aquele que tem existência própria e que não precisou de ninguém para existir. Não é um Deus impessoal, mas um Deus cujo nome denomina o que ele é, qual a sua natureza. Eis aqui uma grande diferença entre o Deus revelado nas escrituras e outras entidades cultuadas como se fossem deuses. Estes são criações humanas, fruto da idolatria do coração humano. O Deus Javé é ETERNO.
Êxodo 4:1-31 - O poder de Deus.
Nota explicativa: Neste capítulo vemos a hesitação de Moisés, mas mesmo assim, Deus o havia escolhido e vai municia-lo de milagres, do sobrenatural para assegura-lo de que bastaria ele crer. Mas, esse tratamento de Deus para com Moisés de algum modo revela um momento particular de ser tratado. Deus não irá chamar ninguém sem que primeiro trate com aquele que escolhera. Portanto, é compreensível que Moisés passasse por esse tratamento, pois isso é inerente a quem é chamado. A última resistência diz respeito à fala. Ele se coloca como aquele que não tem boa eloquência. Mas, o Senhor apresenta Arão, mas dando-lhes a segurança que era Deus quem falaria por meio de suas bocas. Mais adiante Arão vai ao encontro de Moisés segundo a orientação do Senhor. No final deste capítulo verificamos que ambos, Moisés e Arão se apresentam aos anciãos e a estes revelam o intento do Senhor e estes assim o creram. A resposta foi dada por meio da adoração. Portanto, nada do que eles haviam dito era uma novidade, de algum modo havia sim a esperança de que ao seu tempo Deus suscitaria um libertador, como isso seria não tinham ideia, mas a esperança era latente em seus corações. Outra coisa é importante analisar, é o que concerne a “vara de Deus”. Rica de significado, pois esta de algum modo assegurava ao Moisés a autoridade de Deus, a direção de Deus, o poder de Deus. Ele poderia estar certo que a palavra de Deus simbolicamente aqui vista como um “cajado” era a certeza do quanto Deus estava à frente, bastaria estar tranquilo e crer, tão somente.
Êxodo 5:1-23. A negociação.
Nota explicativa: A primeira tentativa de Moisés de negociação é frustrante, absolutamente frustrante. O povo não foi capaz de entender, e mediante a isso, vem o primeiro sentimento de lançarem a culpa a Moisés e Arão, por conta da fúria do Faraó que fez “dobrar” o trabalho dos hebreus. O povo e até Moisés por um momento pensava que o rei não agiria com tanta fúria. Os oficiais do povo se desesperaram. Vão até Moisés e Arão os reprovam. Moisés não fez outra coisa se não buscar ao Senhor. O texto mostra a “luta” que se será travada. Uma luta de fé, medo e incredulidade, e murmuração. O lado humano desta história como temos dito. Há pouco Deus havia dito ao servo que a luta não seria fácil. Mas uma coisa é a palavra de Deus, outra é quando esta palavra é colocada em prática. No primeiro momento da palavra temos o refrigério, o conforto, nos animamos, mas o segundo momento quando posta esta palavra no meio da realidade cruel e incrédula, possivelmente os recursos da fé se vão para dar lugar ao medo e a incredulidade. O faraó impõem os obstáculos para fazer com que o povo desista e nem tente, mas Deus enquanto Deus não se deixa intimidar e é isso que este mesmo Deus espera daqueles que hão da fazer valer sua palavra no meio das resistências impostas pelo adversário, no caso o Faraó.
Êxodo 6:1-30 - Deus reitera o chamado de Moisés.
Nota explicativa: Este capítulo é importante, pois, o Senhor reitera insistentemente, que ele era o Senhor, o Senhor seus pais, o Senhor que prometeu a terra de Canaã. O Senhor que tem ouvido aflição do seu povo no Egito e que agora chegou o momento dele, enquanto Senhor libertar o seu povo e leva-lo à terra da promessa. O Senhor traz uma revelação pela qual deixa claro qual era os seus planos e objetivos. Ele diz que este é o seu povo, e ele quer ser o seu Deus. Eis aqui o núcleo de toda essa história. Desde a criação o plano de Deus era este ser o Senhor do homem, da humanidade, mas infelizmente o homem na pessoa do Adão e Eva rejeitaram o Senhor ao desobedece-lo. Mas Deus não desistiu e organizou outro plano. E toda essa história nada mais é que a história da construção do seu projeto de ser o nosso Deus e que nós sejamos o seu povo. Ele precisava construir isso, a partir de uma nação. E mesmo agindo de modo particular, eis o cenário que o capítulo descreve, um povo cheio de incredulidade, medo e murmuração. Moisés chegou ao Senhor disse, se o próprio povo não acreditava nas suas palavras como, pois, fazer que o faraó acreditasse? Realmente era uma tarefa fácil. Mas, Deus não está preocupado com o que o povo pensa. Ele queria agir e ninguém poderá detê-lo. Moisés novamente coloca sua dificuldade e por duas vezes diz que ele era um homem de lábios incircunciso, mas Deus não se importa com isso. Deus estava dando toda a garantia para que Moisés cresse, mas pelo visto as condições e limitações humanas queriam por deveras forças sobrepujar a visão do sobrenatural de Deus.
Êxodo 7:1-26 - O juízo de Deus sobre o Egito (As pragas).
Nota explicativa: Vamos ficar com duas ideias. A primeira é a soberania de Deus sobre todas as coisas. O texto apresenta o Senhor no controle de todas as coisas, tanto na ação dos prodígios para convencer o coração do Faraó em deixar o povo partir para o deserto, quanto na ação de torna-lo endurecido. Como entender isso? Qual a teologia que podemos criar em cima desse movimento ambíguo? Deus é o Senhor da história e do mundo, ele está acima de tudo e controla todas as coisas. A vontade de Deus em intervir na ação do homem é por conta de algum fim bem específico. Deus poderia não intervir no coração do faraó afim de que esse deixasse o povo partir. E aí tudo estaria resolvido. Aparentemente sim, mas é preciso observar quanto à razão especifica. Nesse sentido o Senhor intervém o contrário fica por conta do livro arbítrio do homem. Estamos no momento bem primitivo da revelação divina; é um momento de aprendizado, de fazer inculcar uma consciência do juízo de Deus; portanto, não podemos ficar apenas nos relatos dos significantes do texto, mas buscar o seu significado. E nesse sentido vemos o objetivo de Deus de deixar bem claro na mente humano o seu juízo, a ideia da libertação como algo árduo. Outra coisa é quanto a ação dos encantadores. O mal copia e reproduz as coisas de Deus sob uma limitação, porém. É preciso que se tenha o devido cuidado, o adversário representados por estes magos, faz prodígios, mas dentro de uma esfera limitada e sob o controle de Deus. Há, porém as manifestações nas quais os magos não podem atuar. Finalizando essa reflexão, observamos no texto e partir deste momento isso vai ficando mais claro para mente humana, que todos esses relatos não podem ser vistas sem uma visão pedagógica de Deus. O contrário fica confuso. É importante o que Deus quer ensinar: a) O juízo de Deus sobre todas as coisas; b) A dificuldade do homem (na pessoa do Faraó) de caminhar rumo a libertação; existem obstáculos; c) O mal que também procura imitar o poder de Deus, mas limitado, até aonde Deus o quer Depois disse o SENHOR a Moisés: Vai a Faraó e dize-lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.
Êxodo 8:1-32.- Continuação do Juiz.
Nota explicativa: Nada até aqui foi capaz de convencer o coração do faraó. O coração humano duro tanto quanto, mesmo diante do juízo de Deus, das maravilhas de Deus permanece insolente e obstinado. Os magos reconheceram as mãos do Senhor quando não conseguiram fazer os mesmos prodígios, mas, mesmo assim, o coração permanece duro. Nem as rãs, nem os piolhos, nem exames de moscas foram capazes de tornar flexível o coração do faraó que denota o coração da humanidade, de uma humanidade que não se rende tão fácil. Por outro lado vemos o Moisés e Arão trabalhando em prol da libertação. Ali no Egito não era o lugar apropriado para adoração. O faraó articulou, por que não orar ali no Egito e até orassem por ele, o rei? Mas, o plano de Deus não era esse. Adoração requer um lugar especial, um lugar sem contaminação, sem nenhum resquício de maldade. Ali no Egito não seria possível. Outra coisa importante. Parecia que agora o trabalho estava nas mãos de Moisés, somente. Ele orava, pedia e Deus fazia de acordo como ele queria. Quando Deus delega poderes aos seus servos, a estes o Senhor os ouve. Deus fica como que a disposição do homem que está fazendo de acordo com o centro da sua vontade.
Êxodo 9:1-35 - Continuação do Juízo.
Nota explicativa: Vamos às observações. A primeira é o cuidado de Deus ante o juízo. Deus preserva os eleitos do seu juízo, das suas sentenças. Isso é importante, pois, fica estabelecida a diferença entre o povo que serve a Deus e o povo que não serve. Todas as pragas sobre o Egito, o Senhor poupava o seu povo, o guardava como meninas dos olhos. A segunda coisa é quanto à dureza e obstinação do rei, este permanece apático, mórbido. Nada, por mais que as coisas estivessem claras diante de seus olhos, este se mostra insolente diante do obvio. Nada o convencia o contrário de ceder o povo caminhar para o deserto. Moisés também diz algo de grande importância ao Faraó ele está sendo poupado de pé, para que aos seus olhos este pudesse ver que não há outro Deus, além de Javé. Os juízos eram para que o nome de Javé fosse anunciado por toda terra. Não podemos perder de vista que o Egito era um país pagão, no qual até mesmo, o Faraó era cultivado como se um deus. Portanto, as pragas, não querem apenas mostrar o juízo de Deus sobre a incredulidade e dureza, mas acima de tudo mostrar a todos os egípcios que só há um Deus e um único Deus que merece ser adorado e honrado. Mas nada disso era capaz de convencer, este insistia na sua soberba. Mas o objetivo do autor é alcançado, mostrar a soberania, o juízo e majestade de Deus ante as crenças e religiões pagãs que disseminavam no Egito Antigo. Faraó chega a se convencer. Reconhece o seu pecado e o pecado do seu povo, mas por pouco, volta a trás. O medo pode provocar e mobilizar o homem para uma suposta consciência, mas não o suficiente para manter-se e assim reconhecer a Deus verdadeiramente. Voltar atrás é uma constante no homem obstinado.
Êxodo 10:1-29 - Continuação do Juízo.
Nota explicativa: O objetivo do Senhor é que isso fique registrado para a posteridade; para o futuro, com o fim de que soubessem que Deus é Deus. Portanto, era preciso toda essa exaustão de acontecimentos, afim de que a verdade sobre a soberania e juízo de Deus fosse arraigada na mente e no coração. Outra coisa interessante neste capítulo, à negociação continua, faraó pergunta quem deverá ir ao que Moisés respondeu que todos, os jovens, as mulheres, as crianças e os animais. Mas isso não agradou ao faraó, este deixaria ir desde que fossem somente os homens. Mas esse não era o objetivo do Senhor, não há negociação, não há acordo, a saída era deixar que todos fossem, mas a obstinação tenta mais uma vez se opor com veemência ao juízo de Deus. Também merece atenção as trevas que vieram sobre os egípcios, estas capazes de fazer com que ninguém se enxergasse, mas ao lado deste aspecto sombrio estava o povo de Deus sob a luz; no meio dele não havia trevas. O medo tomou conta do faraó que por pouco se convenceu, e diz que, os homens podem ir desde que ficassem os animais ficassem. Eis, aí o reconhecimento do pecado por parte do faraó, mas um reconhecimento feito com concessões, com negociação. O fato de mostrar arrependimento, mas ao mesmo tempo de deixar que o povo parta e os animais fiquem denotam o modo do homem em relação a Deus, um arrependimento superficial que implica em concessões. O arrependimento verdadeiro é aquele cujo coração não faz concessões pra Deus, ao contrário se arrende na sua totalidade e plenitude.
Êxodo 11:1-10 - O último Juízo.
Nota explicativa: Finalmente o Senhor anuncia o seu último juízo, mas mesmo assim diante do anuncio, Faraó continuou obstinado. O Senhor ordena que o povo peça dos egípcios, ouro, pratas e joias, o que o povo se mostrou solícito. Pelo visto, este, já estava convencido de que Deus era com Moisés; um Deus diferente de tantos ali venerados. O último juízo é a morte do primogênito das famílias egípcias. Uma sentença de morte, mas por meio dela o Senhor chama a atenção sobre os filhos de Israel e os filhos dos egípcios. E tal sentença consolida a diferença entre um povo e outro. Essa teologia da diferença é uma constante no livro do Pentateuco. Pois, mais adiante vamos ver que por meio de uma realidade visível e concreta o Senhor tem o cuidado de distinguir o seu povo santo do povo profano. Então, o objetivo ficou claro aqui, com todas essas sentenças – a distinção. A teologia da diferença, que não é uma diferença social e econômica, mas uma diferença moral. Ao longo das narrativas a teologia da diferença, da distinção é a marca que Deus imprime na consciência do seu povo e dos egípcios e que representam a humanidade sem Deus. Sob o olhar de uma síntese canônica é possível entender que a todos os que aceitarem o Salvador Jesus também estão comprometidos em manter essa diferença. E aí finalmente a promessa feita a Abraão se concretiza quando todas as famílias da terra serão abençoadas, por fazerem parte do povo escolhido de Deus.
Êxodo 12:1-51 - A Páscoa.
Nota explicativa: Muitos são as ideias que o texto nos dispõe. Uma delas é quanto o último juízo de Deus, a morte dos primogênitos. O primogênito segundo a tradição oriental era o filho principal e herdeiro para chefiar a clã, para preservar e lutar em favor da tribo; era, pois um “lugar” muito importante e considerado de grande honra. Logo, a morte do primogênito implicava na dor profunda, pois a perda não só constitua a morte em si, mas o significado da perda pelo grau que esse filho ocupava. Mas, esta é o julgamento de Deus,através do qual o rei irá se convencer e deixar que os hebreus partam rumo a terra que ele, o Senhor prometera. A segunda ideia é quanto ao cordeiro, o pão sem fermento e as ervas amargas, que é cheia de simbolismo. Não se tratava apenas de uma refeição, mas de um memorial, de um significado que naquele momento os judeus não podiam alcançar. O primeiro sinal, o sangue do cordeiro nos umbrais das portas da casa dos hebreus, apontava para a libertação, para o livramento; a casa na qual o sangue fora aspergido, o anjo exterminador, o anjo da sentença e do juízo não poderia entrar. Os moradores da casa seriam poupados. Os judeus precisavam comer o cordeiro e o pão sem fermento já prontos para partirem, comer com os pés calçados e os lombos cingidos, pois estaria acontecendo a PÁSCOA do Senhor. A PÁSCOA tinha três implicações, a primeira, o juízo de Deus, o anjo que executaria o juízo de Deus sobre os primogênitos egípcios; a segunda, a SAÍDA dos hebreus, ou seja, a passagem de uma vida escrava para a vida LIVRE, a terceira, a refeição que ia servir como celebração perpétua desse grande acontecimento, a libertação. É possível fazermos uma “analogia canônica” afim que entendamos o propósito divino. A começar pelo cordeiro. O profeta Isaias a respeito do Messias, este diz, a saber, era desprezado e abandonado pelos homens, esmagado por causa das nossas transgressões, como cordeiro conduzido ao matadouro e ele sofreu o castigo que nos trouxa a paz (Isaias 53.1-7) – há uma clara semelhança, pois antes mesmo de sua paixão, no momento da celebração da Páscoa, Jesus demonstrou o desejo ardente de comer a PÁSCOA com o seus discípulos. Este desejo ardente de Jesus tinha uma razão profunda, quando então a PÁSCOA ANTIGA como memorial iria dar lugar a NOVA PÁSCOA. A esta Paulo é enfático, ao dizer que o fermento velho da corrupção fazendo uma alusão ao pecado, deve ser deixado para que uma nova massa, sem fermento seja feita, fazendo uma alusão a natureza nova em Cristo, pois, CRISTO NOSSA PÁSCOA foi imolado – (I Cor. 5.6-7). Por meio da festa PÁSCAL, três verdades estão sendo ensinadas sob a perspectiva escatológica, a saber: O juízo de Deus sobre todos os homens (representados pelos egípcios) e a libertação moral (representada pelos hebreus), a qual era garantida pelo sangue do cordeiro animal, representado por CRISTO. Há ainda um dado importante nessa Páscoa Antigo, deveriam participar dela todo o judeu que fosse circuncidado. A circuncisão que tinha uma natureza absolutamente carnal, sob a perspectiva passa a ter uma natureza de caráter teológico-espiritual.
Êxodo 13:1-22 - A saída.
Nota explicativa: A ideia principal aqui é a teologia do sacrifício. Fica claro o porquê o do sacrifício. Se isso já era um costume pagão, provavelmente, mas é por meio desse costume que o Senhor manifesta uma verdade, a saber, o pecado não pode ser tolerado, o pecado exige a morte, o pecado exige sacrifício, a morte do pecador. Para o povo deixar a terra do Egito foi preciso que os primogênitos fossem mortos, simbolizando, pois o preço da libertação, pois, foi por meio dele que o Faraó se convenceu a deixar o povo partir. Observem que a festa deve ser comemorada sempre, de geração a geração e quando perguntarem sobre o sacrifício do animal, a resposta é, marca o dia em que os primogênitos egípcios morreram e que serviu de garantia para a libertação dos hebreus. Sob uma “analogia canônica” temos uma maior clareza: “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. (Hebreus 9:11-15)
Êxodo 14:1-31. - Caminhada no Deserto.
Nota explicativa: Duas coisas nos chamam atenção, a primeira quanto à incredulidade do povo depois, dos feitos que o Senhor já havia operado no Egito. Parece que esses acontecimentos tinham um caráter momentâneo, ou a fé era momentânea. Não se fazia uma relação entre o presente o que já acontecera no passado. A fé parecia não se alimentar dos nutrientes do sobrenatural já realizado. Essa oscilação de fé será uma constante no decurso dessa história, que custará caro para os próprios incrédulos. Mas, a lição é esta, a fé vive nesse momento uma fase de transição, entre a circunstância concreta e a realidade incerta, por mais contraditório que isso possa parecer. Esse material vai servir para os diferentes leitores, como lição sobre a provisão divina e a certeza deste cuidado, mesmo que isso possa ser humanamente impossível o que estes hebreus não conseguiram alcançar. Portanto, podemos dizer que essa trajetória pelo deserto tem dois momentos cruciais, a construção da fé e a norma de conduta de vida como resposta à fé. Outra coisa importante é questão da murmuração, esta vai constituir-se sintoma de um coração que não crê. A murmuração é manifestação do descontentamento, da total absoluta falta de perspectiva, ela impede que contemplemos o impossível, fato que se verifica, pois, bastaria colocarem em ação, que logo o Senhor sopraria sobre o mar e este se abriria.
Êxodo 15:1-27 -O canto da vitória.
Nota explicativa: Duas são ideias principais deste texto. A primeira ideia é quanto o canto de vitória entoado por Moisés, nele, Moisés celebra o que Deus é, na sua pouca experiência com Deus, ele traduz na letra do seu canto, o que Deus significava pra ele: a) Deus é a sua força. Foi Deus quem lhe sustentou, lhe encorajou, lhe animou, portanto não era mérito seu, o feito da libertação, mas mérito único do Senhor. Reconhece a força que está nele e é nele, a quem deve ser depositado todas as expectativas. b) Quando diz que o Senhor é o seu canto, ele está dizendo que o Deus a quem ele cria era o Deus que lhe deu proteção, lhe guardou. É o Deus que proporciona total segurança, amparo é isso que a palavra “canto” quer dizer no grego e hebraico. c) Ele estava em perigo e perdido. O Egito era o símbolo da escravidão, lá o seu povo estava fadado a morrer, mas aprouve ao Senhor libertá-lo. Moisés sabia que estava numa guerra, pelo visto era uma guerra concreta, uma guerra contra o Egito e tudo o que este representava, mas esta guerra assume um lugar teológico, uma natureza que transpõe a realidade concreta e aponta para uma realidade espiritual, portanto era uma guerra, neste caso de natureza espiritual, por isso o denominou de Homem de Guerra. A segunda ideia é quanto a falta d’água. Três dias caminhando pelo deserto fora o suficiente para manifestaram descontentamento; era o segundo momento para a murmuração, como que o plano já era um fracasso, pois ter ficado no Egito era melhor que pagar o preço da liberdade. Há um sentimento de sempre voltar atrás; fecham-se os olhares da fé; não são capazes de olhar o futuro, mas apenas contemplar o desastre. Aparece a água, mas era amarga. Deparam-se com a água amarga, e sob a orientação de Deus Moisés encontra numa árvore a saída para o milagre das águas se tornarem doce. A teologia que se faz, está no fato do Senhor usar esse momento para ensinar pela primeira, vez, embora o texto não defina o teor da lição, mas limita-se em apenas dizer que o Senhor deu-lhes mandamentos, após isso, avistam em Elim águas potáveis para o consumo. Pelo visto as águas amargas tinham um significado, uma nuança da realidade deles mesmos, do caráter, da conduta, que deveria ser tratada com os ensinos e lições do Senhor, após sim, é possível desfrutar do doce. Podemos concluir, que o deserto vai constituir-se uma grande escola, a primeira lição foi a travessia do Mar Vermelho, e a segunda se chama Mara verso Elim.
Êxodo 16:1-36 - Deus supridor da necessidade.
Nota explicativa: Não há uma compreensão exata da razão do maná e as codornizes estarem no mesmo relato, pois isso contrasta Números 11,31. Mas o importante é elucidar mais um momento para acontecer a murmuração. O povo volta-se contra o Moisés e relata o que havia no Egito de refeição; estariam eles bem melhor que morrerem de fome naquele deserto. Moisés é testado na sua paciência. Fica caracterizado que o povo tinha muito que aprender. Fé é um processo construído de valor em valor e mais uma vez, o povo é reprovado na sua fé. Moisés ora, clama ao Senhor de onde ele tem a resposta. Deus vai mandar o maná – o pão do céu. Sob uma “analogia canônica” verificamos no Deuteronômio a razão de Deus ter mandado o maná, mas por ora vamos ficar em apenas neste relato, do qual podemos inferir o cuidado e a provisão de Deus. Isso é interessante, posto que, o maná seria dado todos os dias, exceto no sábado, pois, este era o “sábado do descanso do Senhor”. Por isso no sexto dia, eles teriam que pegar o dobro, visando o sábado, no qual Deus não mandaria o maná. Curioso, pois, é que o povo na sua incredulidade pega o dobro no decurso dos dias deixando-o para o dia seguinte, mas, o maná amanheceu com bichos e cheirando mal. Mas, a provisão não falha, pois no sexto dia, o povo deveria juntar o dobro, e no dia seguinte o maná amanheceu conservado. Não obstante, alguns vão colher no sábado, mas não acharam fato que Deus reprova e questiona o porquê de desobedecerem ao mandamento do Senhor? A incredulidade, sim a incredulidade era a razão pela qual não havia como obedecer ao enigmático. Fica cada vez mais claro que estamos diante da “escola da fé” – é um aprendizado árduo, cuja lição vivida na experiência humana contradiz a provisão sobrenatural, o fenômeno do agir de Deus no meio do nada, e tirar do nada a manutenção da sobrevivência, isso é fé.
Êxodo 17:1-16 - A água da rocha.
Nota explicativa: Estamos numa escola, como temos afirmado até. As provas serão uma constante para solidificar a fé e dependência de Deus. Mas, os nomes aqui conservados, Massa que significa provação e Meribá que significa contestação dão nuanças dos desígnios do Senhor. Pelo visto mais uma vez o exercício da fé ainda não fora capaz de dar conta da dificuldade e da carência; prevalecia o espírito murmurador, o espírito do descontentamento que, impedia de enxergar as possibilidades do agir de Deus. O interlocutor, Moisés era o catalisador das tensões. Era àquele no qual o Senhor os deu a garantia, e “procuração” para assumir os desalentos e os desconfortos desse povo. Moisés como sempre e isso o fará ao longo da caminhada, vai ao Senhor, e o Senhor pacientemente, os adverte – aja! Use o cajado! E então tocando a rocha, dela fez brotar água. Deus se revela por meio dos gestos humanos e circunstâncias humanas. Observem, que à luz de uma “analogia canônica”, Paulo na carta aos coríntios, ele aponta a rocha a pessoa de Cristo. Ele chama de “rocha espiritual”, a saber, Cristo – I Cor. 10,4. Algumas teologias bíblicas encontram nos textos do Novo Testamento a luz para clarificar o Antigo Testamento. Isso faz sim, um sentindo. Portanto, a necessidade de água, o deserto aponta para nós como a necessidade que todo crente tem de Cristo neste nosso êxodo, rumo à nossa pátria celestial, a saber, nossa vida eterna junto com Cristo. Uma segunda ideia deste texto é quanto a guerra que o povo de Deus enfrenta com uma das tribos do deserto. Pelo visto, o recurso que Moisés usou para vencer essa guerra foi o seu pedido de socorro do Senhor. Suas mãos levantadas, cansadas, e depois apoiadas nas pedras que Arão e Hur colocaram, denotam o aspecto da oração de um coração do intercessor. O socorro só poderia vir do alto. Fato que enquanto as mãos de Moisés estavam levantadas a guerra era vencida pelo povo hebreu quando abaixadas, prevalecia a tribo dos amelequitas. Isso não representava nenhuma mística, ou tradição ou costume, apenas, um gesto com um profundo significado, depositar em Deus a total e absoluta confiança. Após isso, a guerra é decretada, mas um dado importante, Moisés constrói um altar, pois teve a certeza da vitória, e pôs o nome de “Iahweh Nissi” que quer dizer “Javé é Minha Bandeira”.
Êxodo 18:1-27 - Os auxiliares.
Nota explicativa: O fato de Jetro ter oferecido ao Senhor sacrifícios não quer dizer que, este tenha se convertido a Iahweh. Ele era um pagão, mas que respeitava a fé dos hebreus e do genro. Bendiz ao Senhor. Aqui, além de uma simpatia a Iahweh, Jetro mantém com Moisés uma relação de respeito. Sua atitude de orientar a Moisés para dividir a tarefa, de algum modo revela a relação respeitosa e amiga que este sogro tinha para com o genro. Moisés o respeito e considera o parecer do sogro no que diz respeito a distribuir tarefas. O importante deste texto é o fato do povo buscar orientação de Deus e Moisés era o seu porta-voz. Havia, pois, uma demanda, um pedido ou orientação, e tudo isso deveria ser atribuída a Deus. Aqui de algum modo aparece uma dependência em relação a Deus. Pelo visto nesse caso, não havia “Meribá”, mas, mas submissão quando este povo tinha alguma demanda. Jetro, neste caso dá uma luz para Moisés, no sentido de distribuir as tarefas, e Moisés acatou. Eis, pois, a primeira organização, ou estrutura do povo, veio por meio de Jetro, mas até aí, nada que contrariasse a Deus, pois, o que estava aqui presente era o respeito e reverência que Moisés tinha em relação ao seu sogro, mas isso de algum modo era absolutamente recíproco.
Êxodo 19:1-25 - A Aliança do Sinai.
Nota explicativa: Finalmente os propósitos de Deus aos poucos vão se clarificando. Após a “queda” o plano de trazer o homem de volta à comunhão começou de modo pessoal, depois passou para uma família, a família de Jacó, e agora Deus começa trabalhar a nível nacional e revela o que espera dessa nação, que a mesma seja uma nação de sacerdotes, uma nação separada de todas as outras para honrar o nome de Deus no meio de todas as nações. Por que nação de sacerdotes? Porque, por meio dela todas as famílias da terra seriam abençoadas. E então cumpriria, assim com a promessa que o Senhor fez a Abraão. Outra ideia deste texto é quanto ao limite estabelecido entre a presença de Deus no monte Sinai e povo. Esse limite determinava o sagrado, a presença santa de Deus e o povo o qual não estava pronto para desfrutar de tal epifania. Portanto, tinha que ser respeitado. O povo vai poder ver de longe a manifestação de Deus, mas era preciso alguns requisitos, que tomassem banho, trocassem suas vestes, e ainda não tocassem em mulheres. Isso de algum modo contrasta o culto pagão. Quanto a este o sagrado era misturado com perversões sexuais; o culto era uma mistura de deuses e sexualidade; não havia o conceito do santo, e do pecado e do profano. Com Javé isso era bem diferente. As atitudes de trocarem suas roupas tomassem banho e não tocassem em mulheres, demonstrava o caráter da relação santa que o povo deveria ter com Deus, pois, ele é santo. O limite entre o povo e Deus é o limite fixado entre a santidade de Deus e o pecado.
Êxodo 20:1-26 - Os Dez Mandamentos.
Nota explicativa: O Decálogo é o momento crucial da história do pensamento de Deus, pois, por meio de dez mandamentos o texto resume a vontade de Deus, fazer de seu povo uma assembleia de santos a partir da sua natureza santa. Os dez mandamentos, portanto, traduzem a justiça de Deus em relação a sua pessoa e em relação aos homens; é a justiça de Deus, ou a moral de Deus; por isso dizemos comportamento moral em relação a Deus inicialmente e comportamento moral em relação aos homens; podemos chamar de compromisso moral. Diferente de outras religiões, o monoteísmo javista norteia a ética e a cultura do seu povo, visando sua conduta em relação a Deus e aos homens. Ele reivindica o seu lugar no coração do homem, é um direito de Deus, pois, na verdade ele é o único Deus, portanto, qualquer outra pessoa, ou imagem de escultura no qual se atribua qualidades divinas, como onipotência e onisciência, constitui-se uma afronta a ele. Isso é idolatria, que mais adiante sob o olhar de uma analogia canônica será comparado ao pecado de feitiçaria. Como prova de lealdade, é preciso que por meio da guarda de um dia, no caso o sábado, o homem se dedique a ele. Depois, das ordenanças em relação a Deus, vemos as ordenanças de caráter familiar e social. Honrar os pais e honrar vida e os homens, manter com a comunidade humana uma relação absolutamente justa. Podemos concluir de posse dessas verdades, o seguinte, quebrar com um desses mandamentos, vai constituir-se no que em teologia chamamos de pecado. Pecado seria, pois, sair do objetivo, errar o alvo certo. Os dez mandamentos é o modelo de conduta para todos os homens.
Êxodo 21:1-36 - Diversas Leis.
Nota explicativa: A partir do capítulo 20 o Senhor estabelece a aliança com o seu povo e no que esta consiste. É uma ALIANÇA que consiste no caráter de Deus de onde se espera que o povo seja santo tanto quanto. Após os dez mandamentos, como conceitos universais, o Senhor vai especificar de modo mais prático e particular. Então nós temos leis referentes aos escravos, e estes não tinham a mesma conotação de escravatura no molde das escravaturas do período feudal e colonial do mundo ocidental, era uma relação de patrão e empregado. Leis sobre o homicídio e demais ferimentos, neste o Senhor é claro quanto ao direito a vida e ao dever que espera do seu povo em relação ao dever para com a vida do outro. E se alguém falhar nisso deverá ser punido também com a morte, vida por vida, é o princípio da justiça divina sem contemplação da misericórdia. Deus teve o cuidado até mesmo em relação aos bois, se este caso venha ferir um homem ou mulher, o boi deverá ser apedrejado, e se o dono sabia do perigo e tomou as devidas providências, tanto o boi quanto os seu dono pagarão com a própria vida. O texto se aplica não somente as ordenanças como no caso do capítulo anterior, mas acima de tudo sobre a aplicação da pena em relação a quebra das ordenanças. Isso constitui-se o núcleo deste capítulo.
Êxodo 22:1-31 - Continuação sobre as Leis.
Nota explicativa: A ideia principal deste capítulo corresponde aos delitos que implicam em indenização, exceto no caso das viúvas, se forem agredidas e se elas levarem isso para o Senhor, o Senhor se encarrega de matar o agressor. É interessante esse texto, pois, o Senhor na sua justiça preso pelo papel dos menos favorecidos, no caso, aqui, a mulher viúva. O marido, evidentemente era o provedor da casa, sem o marido, a mulher estaria em tese desamparada, mas havia uma responsabilidade, mesmo que o texto não aponte para algum tipo de ajuda a ela, mas, ninguém deverá agredi-la, mas preserva-la. A virgindade deveria ser preservada. O conceito da sexualidade vivida a partir do casamento, aqui já estava implícito, pois, se alguém tocasse na virgem, deveria casar com a mesma. Há também, sentença de morte para os feiticeiros, para aqueles que sacrificarem aos outros deuses, e aqueles que deitarem com animais. A religião da época era uma mesclagem entre o sagrado e a perversão. A feitiçaria já era uma prática entre os pagãos, constituía em adivinhações e sacríficos de animais e até quem sabe, sexualidade com os animais, portanto, tais práticas são pecados graves, pois atentam contra a soberania e senhorio de Deus, por isso, tais práticas eram sentenciadas com a morte. Como lição de vida podemos, sim, insistir com uma religião verdadeira que honre o nome do Senhor, uma religião pura e santa. Quanto a virgindade é outra lição, esta está relacionada ao casamento, como meio para exercício da sexualidade. Até o casamento a virgindade era para ser preservada e mantida.
Êxodo 23:1-33 - As festas.
Nota explicativa. As ordenanças continuam... Todas voltadas para questões do dia a dia. Neste capítulo, o Senhor começa dando orientação quanto aos inimigos, e os bens destes; se enfurecer contra estes, ao ponto de danificar seus bens, no caso os bois, ou levantar falso testemunho, talvez para querer investir seu ódio, é uma falta contra o Deus. O texto aponta para as festas que deveriam celebrar, estas serviam como ritual de gratidão, pois, a ordem quanto à contribuição ia cada vez ficando mais clara. Observem que ele mesmo diz que ninguém deveria aparecer diante dele com as mãos vazias. Isso significa que, era o Senhor quem os alimentava, era o Senhor quem dava as estações, as chuvas, o sol. Ele quem fazia as sementes crescerem, o fruto aparecer e servir de alimento para o homem, por isso, é lei, que o homem devolva a Deus a parte dele. O texto novamente não diz o que era feito dele, mas pelo visto era para que alguém usufruísse e esse alguém era o responsável por manter a ordem e culto no meio dos filhos de Israel. Eram três festas anuais, pelo menos aqui se registra essas três e todas eram festas agrícolas, ligadas a sobrevivência do povo, deveriam, sim ser celebradas, para marcar, consolidar, a provisão de Deus. Observem que, é o Senhor quem abençoa o nosso pão, e nos dá saúde, não deixando que nenhuma enfermidade chegue ao seu povo. O Senhor tem o cuidado para com o estrangeiro, é bom observar que os povos de um modo geral, as tribos, eram inimigos do povo de Deus, mas pelo visto havia exceções para aqueles estrangeiros os quais não constituíam riscos para o povo de Deus. Os inimigos do povo eram estrangeiros, mas que eram perigos para o povo por meio da sua cultura e religião.
Êxodo 24:1-18 - Conclusão da Aliança.
Nota explicativa: Os elementos que aparecem neste capítulo dão conta que, a Aliança foi concluída: a subida ao monte, a construção do altar, a nuvem sobre o monte, a leitura da aliança e o sangue aspergido sobre o povo, e a refeição. A construção do altar é reconhecimento de que Deus é único Senhor a ser adorado. A nuvem simbolicamente vista como a presença de Deus que vem até o sacerdote com aquele sentimento de se agradou. A leitura, é a ratificação, é a palavra de Deus para o povo. O sangue é o sangue da aspersão, sangue da redenção. Todos esses elementos apontam para a relação da igreja para com o Cristo. Este é o nosso culto. O povo se alegra com a presença de Deus e Deus por sua vez se alegra com o seu povo. Há uma distinção clara entre o grupo de sacerdotes, representado pelo Arão e seus filhos e o povo. Essa distinção aponta para a santidade de Deus, havia uma separação, pois, pelo visto, os sacerdotes eram os que foram separados e habilitados para servirem de intermediação entre Deus e os homens. O sangue, como conclusão reforça ideia sob uma “analogia canônica” o sangue de Cristo ao ser derramado na cruz sinaliza, pois a conclusão da NOVA ALIANÇA.
Êxodo 25:1-40 - A Habitação de Deus.
Nota explicativa: A ideia central deste capítulo é a presença de Deus no meio do seu povo. Fica claro para o leitor que desde o princípio da criação, a vontade de Deus era habitar no meio dos homens, mas infelizmente isso foi impedido pelo próprio homem, quando este, se emancipa de Deus. Mas, Deus não desiste do seu projeto inicial. A tenda sagrada, ou tabernáculo, ou tenda da consagração é a o meio pelo qual o povo vai poder desfrutar da presença constante de Deus no decurso dessa longa estrada pelo deserto árido. Os detalhes dessa estrutura, e o modelo, os pormenores, dão conta de que essa presença não pode ser feita a esmo, ou segundo o parecer do homem, mas segundo o modelo do próprio Criador. Cada por menor desta morada de Deus é rica de significado. E o significado só pode ser entendido sob a perspectiva escatológica da pessoa de Jesus Cristo e da sua relação com a igreja. Mas, só podemos fazer isso, mediante a analogia canônica. Na revelação bíblica, há sem dúvida alguma, uma sincronia, de um lado o agir de Deus e de outro o agir do homem. Deus não providenciou sua morada, pronta, não era o interesse de Deus entregar uma morada pronta, isso até poderia, mas poderia perder o aspecto histórico da narrativa, e quem sabe, ser interpretado como algo dramático e fictício. Mas, observem que Deus dá o modelo, mas a construção depende do homem em obedecer e fazer conforme o que o Senhor determinou. Vamos por parte na questão da empreitada humana:
1. A contribuição voluntária mostra a participação do homem. O tabernáculo, ou a presença de Deus no meio do seu povo só é possível desde que o homem faça sua parte por meio de seu desprendimento, da sua oferta sacrificial. Logo, é evidente que, haja um preço. O povo por meio da sua oferta, ouro, prata e bronze, paga o preço de querer a presença de Deus. Deus quer inicialmente que o homem queira essa presença e faça valer essa presença. Deus com certeza quer, mas é preciso que o homem tome plena consciência de que ele precisa fazer sua parte.
2. O modelo da habitação revela a natureza espiritual da presença de Deus no mundo. Não pode ser feita segundo as habilidades e iniciativas do homem, mas a partir do modelo de Deus. Portanto, isso requer uma sensibilidade de percepção para fundamentar a convicção do rumo da construção. O Senhor é Senhor desta empreitada, afinal é onde ele vai habitar morar, se revelar.
3. A arca é onde estará a Lei da Aliança. Logo, trata-se da palavra de Deus, do material, do conteúdo daquilo que Deus espera que se povo traduza no seu comportamento. A arca guardava os dez mandamentos. Portanto, Deus, diferente de outras entidades, pagãos, é aquele que caminha com o povo, desde que o padrão de vida deste povo esteja de acordo com a palavra dele, para nortear, para orientar, para educar. Não se tratava de Deus impessoal, ou alguma força mítica no meio do povo, mas de uma Pessoa, com vontade, com caráter, com uma palavra cujo teor constitui-se em ordem.
4. O propiciatório. A palavra de Deus não era algo impossível de ser vivida. Sob a sua palavra o homem a encontra a propiciação divina, a misericórdia divina. Não pode ser vista como algo pesado, mas como bálsamo que exala a misericórdia e por meio da qual Deus implanta sua justiça.
5. A mesa dos pães simbolizava a provisão divina, o cuidado de Deus; do Deus que alimenta, Do Deus que sustenta. O povo nunca poderia esquecer-se dessa provisão. É ele que sustentou o povo no deserto com o maná. É ele que no dá o nosso pão de cada dia. A presença de Deus no meio do seu povo, também era o sinal real, palpável de que ele estava ali também para sustentar com o pão.
6.O candelabro, a luz, a presença de Deus como aquela que ilumina e dá direção; Deus é antagônico às trevas. Sua presença significa luz, clareza, direção. Um Deus que ilumina que tira das trevas, que dissipa a escuridão da alma, do deserto; um Deus que possibilita visão.
2. O modelo da habitação revela a natureza espiritual da presença de Deus no mundo. Não pode ser feita segundo as habilidades e iniciativas do homem, mas a partir do modelo de Deus. Portanto, isso requer uma sensibilidade de percepção para fundamentar a convicção do rumo da construção. O Senhor é Senhor desta empreitada, afinal é onde ele vai habitar morar, se revelar.
3. A arca é onde estará a Lei da Aliança. Logo, trata-se da palavra de Deus, do material, do conteúdo daquilo que Deus espera que se povo traduza no seu comportamento. A arca guardava os dez mandamentos. Portanto, Deus, diferente de outras entidades, pagãos, é aquele que caminha com o povo, desde que o padrão de vida deste povo esteja de acordo com a palavra dele, para nortear, para orientar, para educar. Não se tratava de Deus impessoal, ou alguma força mítica no meio do povo, mas de uma Pessoa, com vontade, com caráter, com uma palavra cujo teor constitui-se em ordem.
4. O propiciatório. A palavra de Deus não era algo impossível de ser vivida. Sob a sua palavra o homem a encontra a propiciação divina, a misericórdia divina. Não pode ser vista como algo pesado, mas como bálsamo que exala a misericórdia e por meio da qual Deus implanta sua justiça.
5. A mesa dos pães simbolizava a provisão divina, o cuidado de Deus; do Deus que alimenta, Do Deus que sustenta. O povo nunca poderia esquecer-se dessa provisão. É ele que sustentou o povo no deserto com o maná. É ele que no dá o nosso pão de cada dia. A presença de Deus no meio do seu povo, também era o sinal real, palpável de que ele estava ali também para sustentar com o pão.
6.O candelabro, a luz, a presença de Deus como aquela que ilumina e dá direção; Deus é antagônico às trevas. Sua presença significa luz, clareza, direção. Um Deus que ilumina que tira das trevas, que dissipa a escuridão da alma, do deserto; um Deus que possibilita visão.
Êxodo 26:1-37 - A decoração.
Nota explicativa: O texto aponta para a habitação de Deus no meio do deserto junto com o seu povo; a decoração, o estilo, a estética revelam o cuidado de Deus em passar por meio dos elementos humanos, como cores, tecidos, costura e tamanho a beleza da perfeição, mais tarde retratada no templo de Salomão. Deus é perfeito e sua beleza é imensurável. Mesmo no meio do deserto, é possível encontra-lo no ornamento da adoração. Sua habitação no deserto obedece aos ditames daquilo que ele é. Sua habitação apresenta dois compartimentos, o lugar “Santo” e o lugar “Santo dos Santos”, neste último o sacerdote só entrava uma vez ao ano, segundo Levítico 16 e Hebreus 9, 6-14 - era o lugar onde estaria a Arca da Aliança. Este capítulo traz como lição a beleza e perfeição do Senhor. Nós o adoramos na beleza de sua Santidade - I Crônicas 16,29. Essa natureza contrasta sem sobra de dúvida as outras entidades cultuadas como se fossem deuses. A habitação de Deus não poderia ser diferente daquilo que ele é perfeito e santo. Dentro da sua habitação havia um lugar especial, o lugar de maior intimidade, no qual ninguém poderia entrar a não ser o sumo sacerdote e ainda uma vez ao ano, isso para nos ensinar, por meio de uma análise ou analogia canônica, que estar na presença de Deus é um privilégio especial, uma graça especial destinada apenas ao santos por meio do sangue de Cristo.
Êxodo 27:1-21 - Mais elementos da Habitação.
Nota explicativa: Antes que o povo deixasse o Egito, o Senhor fez com que, os israelitas achassem graça aos olhos dos egípcios e isso possibilitou que o povo levasse do Egito nas suas bagagens ouro e prata e provavelmente tecidos (cf. 11,1-2). E foi com este material que a Habitação de Deus foi construída. É importante ressaltar que todo esse material era de alto valor, de grande preciosidade para nos ensinar a importância do valor que é a presença de Deus no meio do seu povo. Não havia como inculcar à mentalidade dos hebreus, o devido valor da presença de Deus a não ser por meio desses elementos humanos, adquiridos no Egito com muito esforço e trabalho braçal. Agora no deserto, foi disposto na ornamentação e decoração da habitação de Deus. As pontas no altar vão de algum apontar para a misericórdia e o juízo, pois mais tarde na história desse povo, alguns momentos homens se pendurando no chifre do altar par não serem mortos. (cf. I Reis 1,5 e 2,28). No final do capítulo o Senhor ordena ao Moisés que o povo traga azeite para que por meio desse acendesse as lâmpadas do candelabro. Como já vimos, a luz contrasta com as trevas, a luz abre caminho e clarifica, é sinal da presença de Deus; mas uma presença que dependia também do homem. Deus quer habitar no meio do seu povo, mas isso não era o bastante, pelo visto. Era preciso que o povo também tivesse sua participação, ou seja, pela a oferta do azeite estariam sim, pleiteando a presença de Deus. Era necessário que essa demanda, o desejo da habitação de Deus viesse também de uma participação do homem.
Êxodo 28:1-43 - O sacerdócio.
Nota explicativa: Até no capítulo anterior o Senhor orientou ao Moisés sobre os detalhes e decoração de sua habitação no deserto, este capítulo se dedica àquele que vai ser o mantenedor espiritual desta casa. As vestes e apetrechos de suas vestes ricas em detalhes apontam para a responsabilidade do seu ministério. As vestes também significam a graça de Deus sobre o sacerdote, fato que se justifica que, sem os devidos elementos ou sem a devida veste o sacerdócio seria dissipado. Quanto a sua fabricação o Senhor tem o cuidado de separar os que iriam fazê-las – homens os quais o Senhor os habilitou com espírito de sabedoria afim fizessem vestimentas, afim de que Arão e seus filhos ministrassem perante o Senhor. As vestes eram sinal da misericórdia dado ao Arão para que este não morresse. Dois elementos constituem o centro deste capítulo o efod e o peitoral. O efod era um colete no qual iria conter duas pedras, de ônix nas quais estariam escritos os nomes dos filhos de Jacó, os quais o sacerdote apresentaria ao Senhor; pendurado sobre esse elemento estaria o peitoral que trazia as sortes sagrados Urin e Tummim, os quais simbolizavam o julgamento do Senhor. As vestimentas passam a ser decreto perpétuo. À luz de uma analogia canônica, textos como o de I Pedro 2.4-6 mostram que em Cristo todos os crentes constituem uma nação de sacerdotes, portanto, podemos inferir um ensino fazendo uma relação aos homens hábeis e cheios de espírito de sabedoria, para que o ministério sacerdotal seja de fato exercido é preciso que, a nova comunidade de sacerdotes esteja compromissada, cada membro de um para com o outro, afim de que todos exercem o ministério no temor, na santidade e sob a responsabilidade. Às vestes não só podem simbolizar a unção de Deus, a santidade do homem em relação a sua função, mas pode também ilustrar o aspecto de intercessão que cada crente deve ter um para com o outro.
Êxodo 29,1-46.
Nota explicativa: Este texto tem três momentos importantes: O primeiro é quanto ao sacrifício do animal, acompanhado de todo um simbolismo. Era um instrumento de Deus para ensinar, que a comunhão com Ele só seria possível por meio da libação do animal. Como entender isso? O homem desde a Queda estava em débito com Deus pelo pecado, e por isso não havia comunhão sem que isso não fosse reparado; e única maneira de reparação seria a morte, no caso, a morte do pecador, essa seria a sentença justa. No entanto, aprouve a Deus nesse momento primitivo dos conceitos de pecado e graça divina, que essa reparação fosse feita por meio do sacrifício, de algo concreto e palpável. O segundo momento diz respeito aos sacerdotes; estes constituiriam, pois, o meio pelo qual a presença de Deus seria mantida e nutrida. A “Tenda da Reunião” era a presença de Deus no meio do seu povo, e o exercício sacerdotal era o meio pelo qual o povo poderia desfrutar dessa presença, mas isso deveria começar pelo próprio sacerdote. Além do novilho, dois carneiros e pães sem fermento, havia um ritual a ser seguido, a saber se banhar, depois, vestir os paramentos sacerdotais; colocar as mãos sobre a cabeça do novilho e depois sacrifica-lo – isso era o sacrifício pelo seu pecado. Após, seguia o mesmo ritual de imposição de mãos sobre a cabeça do primeiro carneiro, e este, deveria ser todo queimado e o cheiro de sua gordura subiria como odor suave ao Senhor. Após o segundo carneiro deveria seguir o mesmo ritual, com um acréscimo, o peito do animal era para ser separado para os sacerdotes, que iriam comê-lo, era a porção do sacerdote. O terceiro momento é quanto a lei do sacrifício deveria ser contínua. O Senhor manda ainda que um novilho seja sacrificado todos os dias, era sacrifício pelo pecado e mais dois cordeiros machos e puros, os quais deveriam ser sacrificados pela manhã e pela tarde e isso serviria de sacrifício contínuo. Esses rituais só serão entendidos sob uma “analogia canônica”. No livro de Hebreus 9,11-14, a Bíblia diz que Cristo veio como o nosso sumo e eterno sacerdote, entrou num tabernáculo muito maior, o qual não foi feito por mãos humanas, e entrou uma vez por todas no santuário, não com sangue de bodes ou de novilhos, mas com o seu próprio sangue, que purifica nossa consciência do pecado. Pelo visto, os sacrifícios tinham um caráter transitório, simbolizavam aquilo que Cristo veio fazer na terra, se entregar por nós. Lembre-se que havia um débito do homem em relação a Deus. O pecado é uma ofensa, um ato contra Deus, e para que o homem pudesse voltar-se a Deus, e essa era a sua vontade, o homem não poderia vir sem que antes pagasse esse débito. Isso se constitui na lei divina de justiça. Então, o animal sofria a morte no lugar do pecador. Mas, aprouve a Deus entregar a si mesmo, por meio de Jesus. Então no tempo determinado, Jesus substitui todo esse ritual o qual não passou de uma ação simbólica e transitória. Mas, no ritual do sacrifício alcançamos o seguinte:
1. O próprio sacerdócio precisava oferecer o novilho por si. O caráter da expiação.
2. O sacerdote precisava com o sacrifício do carneiro, cuja carne seria queimada, e o cheiro subindo a Deus – o caráter da intercessão.
3. O segundo carneiro era o benefício, a benevolência do Senhor quando, o sacerdócio poderia comer do peito do animal.
2. O sacerdote precisava com o sacrifício do carneiro, cuja carne seria queimada, e o cheiro subindo a Deus – o caráter da intercessão.
3. O segundo carneiro era o benefício, a benevolência do Senhor quando, o sacerdócio poderia comer do peito do animal.
Um novilho era para ser oferecido todos os dias pelo pecado. E de manhã se oferecia um cordeiro e à tarde mais outro cordeiro. Isso mostra a comunhão contínua. Esta teria que ser nutrida em todos os momentos.
Êxodo 30,1-38.
Nota explicativa: Três elementos aparecem neste texto que merecem nossa atenção: o altar de incenso, a pia e o azeite. No altar o sacerdote deverá queimar incenso. Este incenso deverá ser feito com essências e estas essências, aromas deveriam ser comprados com o dinheiro que fosse arrecadado pelos filhos de Israel. Quanto essa arrecadação, esta é acompanhada de simbolismo, ou seja, por meio dela, o ofertante, ou os filhos de Israel estariam, pois pagando o seu resgate. O resgate de sua alma. Feito o incenso, o sacerdote, queimaria no altar e isso subiria a Deus como aroma agradável. O sacerdote deveria fazer isso de manhã e a tarde quando colocasse em ordem as lâmpadas. Quanto a pia, esta serviria para que o sacerdote lavasse suas mãos e pés antes de entrar no Santuário. E finalmente o azeite que também deveria ser feito com os elementos orientados pelo Senhor; o sacerdote deveria ungir todo o Tabernáculo. Muitas coisas são nos ensinadas aqui. A primeira é quanto o altar de incenso. O altar em todo oriente era sinal de adoração a alguma divindade. Neste caso aqui no texto era um sinal de adoração ao Senhor. Por que não dizer símbolo da nossa oração, da nossa intercessão de nossa adoração, que deverá ser feita de manhã e à tarde. A segunda coisa – a comunhão com Deus requer limpeza moral, não é possível entrar na comunhão com Deus sem que antes não passe pelas águas; água que na Bíblia tem várias conotações, a própria palavra de Deus, como bem disse a Jesus, “vós já estás limpos pela palavra que vos tenho falado” (João 15,3); ou a água como símbolo do Espírito Santo. Ora, sabemos que não há comunhão com Deus sem um compromisso com sua palavra e nem com o seu Espírito. A terceira coisa é quanto ao azeite. Ungir, unção é a consolidação da presença de Deus. “Messias” do hebraico significa ungido; “Cristo” da língua grega. Unção e ungir significa o governo de Deus, a presença de Deus sobre todos os utensílios do Tabernáculo.
Êxodo 31,1-18.
Duas coisas aparecem aqui neste texto. A primeira é sobre o cuidado de Deus em separar alguns homens da tribo de Judá e da tribo de Dã, os quais o Senhor deu encheu de seu Espírito para trabalharem todos os elementos que seriam utilizados no Tabernáculo. Isso é importante, pois reforça a questão do chamado e escolha de Deus. Não eram, pois todos que podiam trabalhar nesse projeto, àqueles os quais Deus escolhera. São pessoas especiais. São capacitações dadas por Deus a quem ele o quiser. Isso faz lembrar a natureza da igreja, quando Paulo a compara como um corpo humano. As escolhas não obedecem aos critérios humanos. No que tange a sua empreitada na terra, é Deus quem capacita. A segunda coisa é quanto a guarda do sábado. Deus descansou para nos servir de sinal para que o homem entenda que tudo o que este tem, todo o trabalho de suas mãos é mérito da dádiva de Deus. Assim sendo, o homem deve observar o dia de guarda como momento para pensar sobre as bênçãos de Deus. A guarda do sábado é o sinal que demonstra a dependência do homem em relação a Deus. Não guardar o santo sábado é não reconhecer a benevolência do Senhor. A guarda do sábado vai constituir sinal de obediência por meio da qual vem o descanso. É possível estabelecer uma relação com Hebreus 7. Nessa passagem verificamos que, o povo não entrou no descanso de Deus. Logo, descanso não é apenas ficar um dia (sábado) sem trabalhar, mas aproveitar o dia para obedecer a Deus e assim ao fazê-lo encontrar descanso, moral, espiritual e emocional. Jesus no relato de Mateus 11,18 demostra que nele o homem pode desfrutar do verdadeiro descanso. E ainda fazendo referência ao texto de Hebreus, o autor é enfático, o homem não descansou, portanto, não ficar sem fazer nada, mas uma entrega a Deus; depositar nele todo o cansaço físico e mental, moral. Por isso há uma necessidade de se estabelecer um novo dia, conforme a leitura de Hebreus, e esse dia é o HOJE.
Êxodo 32,1-35.
Nota explicativa: O texto parece apresentar algumas contradições. Moisés intercede pelo povo, Deus volta atrás em castigar o povo, e depois vemos três mil pessoas sendo mortas. Bom, observamos que no momento em que Deus disse que o povo traiu ao Senhor fazendo um bezerro de ouro para adorar, Moisés ainda não tinha ideia da gravidade do pecado da idolatria que o povo cometera. Quando desceu do monte viu como fato a traição - um bezerro de ouro para afrontar a Deus, posto no lugar de Deus. A idolatria é um dos pecados que mais atenta contra a divindade de Iahweh, é o pecado contra os atributos onisciência, onipotência e onipresença, é o mesmo pecado que a serpente usou contra a Eva, de dizer que Deus estava equivocado, afirmou que mentiu. Portanto, este pecado de voltar-se contra Deus é a própria morte do homem. Mas, vamos por ora ficar com a intercessão de Moisés. Segundo a lei intrínseca da justiça de Deus o pecado deverá ser punido pela morte do pecador, mas pelo visto, quando Moisés intercede, Deus muda. Deus mudou? Não! Deus apenas faz valer outra face da lei intrínseca da sua justiça - o seu amor – sua misericórdia que mais tarde var ser traduzida na pessoa de Jesus; eis aqui neste relato, uma parcela da manifestação dessa misericórdia. Moisés foi um grande intercessor. Podemos enumerar as diversas vezes em que usou desse recurso, a começar pelas pragas lá no Egito. Mas, fiquemos no texto. Moisés intercedeu, e Deus ouviu sua intercessão. Mas, quando constatou o pecado, percebeu que o mesmo foi além daquilo que pensava. Viu, pois que o grupo dissidente precisava pagar pelo que fez. Pelo visto não foram todos contaminados pela idolatria. Quanto a Aarão, observem que ele reconheceu sua fraqueza e justificou o seu ato. Ele fez o que o povo queria, mas isso não era o que pensava a respeito de Deus. Ele não acreditava naquele bezerro. Outra lição do texto é quanto o movimento humano e divino neste relato. A misericórdia de Deus e a justiça humana desta vez, aplicada a todos os idólatras a fim de que bebessem do ouro derretido. Esse movimento é uma lição que traduz a justiça humana sem misericórdia e a justiça de Deus ante um coração que intercede. Isso aponta para Jesus a justiça de Deus que nos poupa da morte, pois ele mesmo pagou o preço de nossas transgressões – Romanos 6,23. Moisés voltou ao Senhor para interceder e se colocou como vítima, como oblação. Ele mesmo se coloca como “holocausto” no lugar do povo, pede que ele seja riscado do livro. Então , manifestou o seu perdão, mas não a sentença, àquele que pecar contra o Senhor será riscado do seu livro, isso é fato.
Êxodo 33,1-23.
Nota explicativa: Logo após o episódio do bezerro, o Senhor ordena a Moisés que parta, mas advertiu quanto algumas verdades. Deus mandaria o seu anjo à frente do povo, mas não iria mais. A ideia do autor de Êxodo é mostrar a distância da santidade de Deus e a indignação do homem, a vida moral do homem. A presença de Deus não pode suportar o pecador, mas isso, pelo visto não é uma vontade deliberada de Deus, mas uma condição intrínseca à sua natureza. Se Deus continuasse com o povo, a presença dele colocaria em risca a toda a gente. Mas, Deus continuava sua epifania, por meio da nuvem. Quando Moisés ia se encontrar com Deus, todo o povo o acompanhava de longe e via as nuvens descerem sobre a tenda, a qual Moisés chamou de Tenda da Reunião. Ali o Senhor falava com Moisés; ao dizer, porém que o Senhor não mais iria, Moisés insiste para que o Senhor fosse, ou então não partiriam dali. Deus deu a garantia a Moisés que, quanto a ele o Senhor daria descanso. Moisés, pois, não queria apenas isso, ele amava o rebanho e mais uma vez é testado em relação a ele. Ele pede em favor do rebanho. O Senhor o ouve, sua presença iria ser mantida. Como era vista a presença de Deus? A epifania era manifestada por meio da nuvem, da coluna de fogo, quanto a isso, iria durar até a consumação final dessa longa trajetória. Mas, Moisés queria mais, Moisés qieria poder desfrutar da presença de Deus face a face. Mas. O Senhor disse que isso seria impossível, pois, homem nenhum ficaria vivo se visse o Senhor. No entanto, Deus ouviu a oração de Moises em relação ao seu pedido. Era muita vontade de desfrutar da presença de Deus. O que foi que Deus? Moisés iria ver o Senhor de costa, de dentro da fenda de uma rocha. Quando o Senhor passasse, Moisés deveria entrar na fenda. Deus colocaria suas mãos sobre a fenda e depois que o Senhor passasse, Moisés poderia sair sim e então iria ver Deus de costa. Essa visão antropomórfica mostra a grandeza da santidade de Deus, de sua condição divina e o homem. Isso contrasta o politeísmo. Neste, os pagãos pegavam e poderiam estar perto de seus deuses de madeiras, ou argila. Não havia nenhuma distinção entre o santo e profano. Talvez nem houvesse esse conceito. Mas, no monoteísmo javista, uma das coisas que diferenciam a fé judaica é a peculiaridade da personalidade de Deus. Ele não pode ser misturado com a natureza humana. Aí entendemos toda a dinâmica do sacrifício e ainda, a dinâmica da morte de Cristo. Por meio dele a “rocha principal” podemos contemplar a presença de Deus e não morrermos, sem Jesus homem algum poderá se aproximar de Deus.
Êxodo 34,1-35.
Nota explicativa: Muitas são as ideias que o texto nos oferece. A primeira ideia é a renovação da aliança que fora quebrada com adoração ao bezerro de ouro. Os dez mandamentos são reiterados como código de conduta dessa aliança. O que Deus espera do seu povo é que este seja santo. Santidade tendo como base o seu relacionamento com Deus. Algumas práticas deveriam servir de instrumento de adoração; por meio delas o povo deveria se lembrar do Senhor, então Moisés enfatiza a guarda da festa e do sábado como algo sagrado e de descanso. A segunda coisa é sobre as alianças com outros povos; tais alianças implicariam alianças também com o seus deuses, e isso serviria de laço. A relação com Deus é vista neste momento como uma relação de marido e mulher; uma relação de fidelidade que não pode ser quebrada, o contrário, todo culto aos outros deuses, ou aos deuses da gente da terra que o Senhor lhes estava prometendo, iria constituir-se em adultério. Cultuar outros deuses é uma traição ao Senhor o qual Isaias mais tarde vai chamar de marido (Isaias 54,5). Cada vez mais fica consolidado o monoteísmo prático que exige adoração absoluta. A terceira coisa é quanto o encontro de Moisés. O seu rosto resplandecente aponta para a presença de Deus na vida dele; presença que transcende todo fenômeno natural. Uma aparência que deixou todos os hebreus petrificados. Não foi algo comum; nada poderia ser comparado à presença de Deus. Era algo tão forte, que obrigou Moisés a colocar um véu; por meio do véu (um pedaço de pano) impedia de Moisés desfrutar a face do Senhor. Paulo faz uma alusão a este véu, ao se referir aos judeus que ate hoje, diz Paulo, estes leem com o véu, e este pode cair, quando então se converterem a Jesus (II Cor. 15.3). O véu era um impedimento, uma maneira para suportar a presença de Deus. Mas, por meio de Jesus e somente por meio de Jesus, podemos desfrutar da presença de Deus sem constrangimento. O véu para nós hoje pode representar a dureza e a resistência e a incredulidade, a intelectualidade vazia, que impedem de enxergar a luz do evangelho e se convertam.
Êxodo 35,1-35.
Nota explicativa: Este texto relata a execução do que foi relatado no capítulo 25. Lá o Senhor ordena ao Moisés que o povo traga as suas ofertas, ouro, prata, bronze etc. Para a construção da Tenda da Reunião. Vimos que a tenda constituiria como sinal da presença de Deus no meio do seu povo; mas, isso não era o bastante. O povo precisava entender que essa presença só seria consumada, desde que houvesse por parte do povo uma disposição, um coração voluntário para contribuir. Esta é a participação do homem em querer a presença de Deus. Por diversas vezes vemos nesse texto a expressão “coração generosos” – pelo visto todos se mostraram generosos; todos deixaram mover o seu coração. E cada um contribuía daquilo que tinha, e ninguém deixou de fazê-lo. A contribuição dos bens do povo para a obra de Deus é uma constante no meio do povo de Deus. Esse mesmo movimento se registra em II Crônicas 29 quando Davi também convoca o povo a contribuírem para a construção do templo. Nesse texto a começar por Davi, este se mostrou solícito e na sua oração reconheceu que ele não era nada aos olhos de Deus para ofertar alguma coisa e mais, tudo aquilo que estavam ofertando era de Deus e a ele estavam devolvendo A contribuição é uma expressão de gratidão; mas é muito mais, ela representa o desejo do ofertante de querer a presença de Deus na terra por meio da sua habitação que será construída pelos utensílios que o traz.
Êxodo 36,1-35.
Nota explicativa: A ideia central deste capítulo é a construção da Tenda da Reunião. O cuidado da construção do tabernáculo revela de algum modo o zelo de Deus em prol de sua obra. Todos poderiam construir, mas isso não era o plano de Deus. No que concerne à construção de sua obra a mesma deve obedecer ao critério de Deus, a vontade de Deus. E o próprio Deus capacitou os homens, deu-lhes espírito de sabedoria, afim de que fizessem de acordo com que o Senhor havia ordenado. O projeto era de Deus, mas a execução da obra estava nas mãos desses homens. Estes homens tiveram a habilidade de poder traduzir na prática a vontade de Deus. Todos os detalhes da narração demonstram a sensibilidade artística de fazer uma casa bonita. A participação dos demais era apenas no dizia respeito à contribuição financeira. A obra de Deus se faz assim. Todos podem participar, mas que o façam com voluntariedade, empenho e dedicação. Quando isso é feito com essa disposição há sobra. Outro grupo, o grupo daqueles que o Senhor separou para colocarem na prática o projeto. Cada um dentro do seu próprio chamado; ninguém omisso ou faltoso. Podemos concluir esse capítulo dizendo que a presença de Deus no mundo não depende só de Deus, mas do coração de boa vontade que estará aberto e solicito para fazer valer sua presença no mundo. Há um mútuo desejo nesta relação é o Espírito dizendo vem concomitante à noiva que diz vem. (Apocalipse 22,17).
Êxodo 37, 1-29.
Nota explicativa: Este capítulo é, pois uma continuação do capítulo anterior. Mas, os detalhes e o material usado para a construção nos revelam a grandeza do valor desta obra, e apontam para a realidade de Deus nos céus. O ouro, por exemplo, usado para revestir a arca por dentro e por fora e o propiciatório revelam assim, como este metal assim é também a palavra e a misericórdia de Deus, que permanece inabalável no decurso dos tempos. Os anjos (imagens feitas de ouro) não contradiz o 2º mandamento, pois, estes não estavam sendo feito para serem adorados, mas para demonstrarem que a arca era algo sagrada. Mas, mesmo que isso possa de algum modo contradizer, o argumento se desfaz quando estamos diante da vontade de Deus soberana. Se ninguém contradisse, é porque, o autor do livro dar nuanças de que a ordem do Senhor está acima de qualquer questionamento. Aquilo que Deus manda, é uma ordem para ser obedecida e não para ser questionada. Todo o material usado para construção da Habitação nos dá conta do valor que esta obra tem na terra. Mais tarde numa perspectiva messiânica podemos contemplar a imagem da igreja na terra. Não há nada nesta terra que possa assemelhar ao seu valor. O ouro fica aquém ante as palavras de Jesus quando disse aos seus discípulos que a porta do inferno não prevalecerá contra ela.
Êxodo 38,1-43.
Nota explicativa: A ideia central deste capítulo é o relatório final sobre o custo da obra. Mas, o objetivo do altar não era apenas levantar um relatório como prestação de contas, mas poder testificar aos leitores que a Habitação de Deus era uma realidade concreta, era uma tenda concreta construída no deserto, com os utensílios ofertados pelos hebreus. Esse levantamento é importante, pois o caráter histórico da narrativa é consolidado. Não era ideia abstrata, nem tão pouco o discurso aponta para uma alegorização. O registro dos detalhes é uma preocupação de que a casa de Deus não era um mito, mas uma realidade no meio do seu povo. E desde o princípio vemos Deus se revelando por meio dos fatos, e dos acontecimentos históricos, respeitando os limites culturas e social. O tabernáculo tem dois aspectos, um aspecto humano, os utensílios, a maneira como cada tecido foi bordado, e aspecto divino, o projeto, a ideia, era de acordo como Deus estava ordenando. A obediência às ordens do Senhor requer sensibilidade espiritual para entender o que Deus quer e o que ele está dizendo.
Êxodo 39, 1-43.
Nota explicativa: Este capítulo discorre sobre as vestes dos sacerdotes; são estes que servirão de ponte entre Deus e os homens. As vestes obedecem também todo estilo que caracteriza beleza, perfeição e equilíbrio. As vestes simbolizavam a autoridade sob a qual cada sacerdote estava investido. Por meio dela fica estabelecido, pois, a diferença entre o leigo comum, o crente hebreu e àquele separado por Deus para oficializar o culto ao Senhor. Simbolizavam ainda a consagração a Deus; sem os devidos paramentos, o sacerdote era apenas um homem comum. Por conta desse simbolismo, deveriam ser feitas com um material fino e de grande valor. Por detrás da beleza e dos pormenores ricos de pedras preciosas estavam a santidade de Deus, a beleza de Deus, em síntese, a presença de Deus. O sacerdócio foi uma escolha do Senhor. Não podia ser qualquer um do povo, mas da tribo que o Senhor escolhera. Essa tribo de levitas tinha a responsabilidade de fazer valer no meio do povo, a palavra de Deus, o constituía o caminho, o meio pelo qual os hebreus poderiam se aproximar de Deus. Portanto as vestes tinham toda essa mística sagrada. Os sacerdotes tinham o dever moral de ser a referência de Deus no meio do seu povo.
Êxodo 40,1-38.
LIVRO DE LEVÍTICO.
Nota explicativa: O livro do Levítico tem como tema a santidade de Deus. Mas isso não quer dizer que ele está longe da realidade humana. Pelo contrário, a vontade de Deus era caminhar juto com o homem. Mas, no paraíso, o homem desobedeceu a Deus e isso trouxe um prejuízo moral e espiritual pra toda existência humana. Entrou no mundo o pecado. Pecado é um abismo que nos separa de Deus; nos afasta de Deus, pois ele é santo e sua santidade não suporta o pecado. Ao desobedecer o homem ficou em débito com Deus; portanto, para que o homem pudesse se aproximar de Deus, novamente, era preciso acertar esse débito. A partir do Gênesis 12 o Senhor começa um novo plano, o plano de restauração, de superação do abismo e o meio de como dar conta desse débito moral. O livro de Levítico não só trata da santidade de Deus, bem como, a maneira de como homem pode fazer a reparação e poder assim desfrutar da comunhão com Deus. O sacrifício do animal era o meio pelo qual o homem poderia se aproximar de Deus. O animal passa assumir o papel do pecador; e morre no lugar deste. O ritual de colocar a mão sobre a cabeça do animal denota a identificação do pecador com o animal. O animal morre e o homem é poupado. E aí há todo um ritual, o sangue, por exemplo, deveria ser aspergido sobre o altar, e em seguido todo o animal deveria ser queimado. Esse ritual era o ritual da expiação; por meio deste, e sobremodo do sangue aspergido, todo o homem fazia sua confissão, sua reparação do pecado. O sangue considerado como princípio vital era o único elemento capaz de significar total entrega do pecador. Ninguém deveria se apresentar a Deus com as mãos vazias – fosse o hebreu rico ou fosse o hebreu pobre; quem podia dar um animal grande, dava um animal grande, quem não podia, poderia dar um animal pequeno, ou então aves; mas ninguém se aproximaria sem esse sentimento de confissão expresso na libação do animal. Para entendermos a "teologia do sacrifício" é preciso inicialmente considerar o momento em que isso se deu na história do povo hebreu. Estamos no momento muito primitivo do pensamento sobre as cosias de Deus, sobre vida de santidade, comunhão perdão, justiça, pecado. Não haveria outra maneira de compreensão, ou seja, que facilitasse a compreensão se não fosse por meio de um elemento concreto, plausível. Portanto, essas libações são de caráter absolutamente pedagógico, pois mais, tarde a história sagrada converge para a pessoa de Jesus Cristo. Ele o Ungido de Deus com sua morte na cruz, irá substituir todos esses rituais. Mas, não podemos deixar de registrar que, a ideia de Deus nesse momento da história do povo era a questão da expiação; não há comunhão com Deus, não há perdão sem que o sangue não seja derramado.
Levítico 2. A oblação.
Êxodo 30,1-38.
Nota explicativa: Três elementos aparecem neste texto que merecem nossa atenção: o altar de incenso, a pia e o azeite. No altar o sacerdote deverá queimar incenso. Este incenso deverá ser feito com essências e estas essências, aromas deveriam ser comprados com o dinheiro que fosse arrecadado pelos filhos de Israel. Quanto essa arrecadação, esta é acompanhada de simbolismo, ou seja, por meio dela, o ofertante, ou os filhos de Israel estariam, pois pagando o seu resgate. O resgate de sua alma. Feito o incenso, o sacerdote, queimaria no altar e isso subiria a Deus como aroma agradável. O sacerdote deveria fazer isso de manhã e a tarde quando colocasse em ordem as lâmpadas. Quanto a pia, esta serviria para que o sacerdote lavasse suas mãos e pés antes de entrar no Santuário. E finalmente o azeite que também deveria ser feito com os elementos orientados pelo Senhor; o sacerdote deveria ungir todo o Tabernáculo. Muitas coisas são nos ensinadas aqui. A primeira é quanto o altar de incenso. O altar em todo oriente era sinal de adoração a alguma divindade. Neste caso aqui no texto era um sinal de adoração ao Senhor. Por que não dizer símbolo da nossa oração, da nossa intercessão de nossa adoração, que deverá ser feita de manhã e à tarde. A segunda coisa – a comunhão com Deus requer limpeza moral, não é possível entrar na comunhão com Deus sem que antes não passe pelas águas; água que na Bíblia tem várias conotações, a própria palavra de Deus, como bem disse a Jesus, “vós já estás limpos pela palavra que vos tenho falado” (João 15,3); ou a água como símbolo do Espírito Santo. Ora, sabemos que não há comunhão com Deus sem um compromisso com sua palavra e nem com o seu Espírito. A terceira coisa é quanto ao azeite. Ungir, unção é a consolidação da presença de Deus. “Messias” do hebraico significa ungido; “Cristo” da língua grega. Unção e ungir significa o governo de Deus, a presença de Deus sobre todos os utensílios do Tabernáculo.
Êxodo 31,1-18.
Duas coisas aparecem aqui neste texto. A primeira é sobre o cuidado de Deus em separar alguns homens da tribo de Judá e da tribo de Dã, os quais o Senhor deu encheu de seu Espírito para trabalharem todos os elementos que seriam utilizados no Tabernáculo. Isso é importante, pois reforça a questão do chamado e escolha de Deus. Não eram, pois todos que podiam trabalhar nesse projeto, àqueles os quais Deus escolhera. São pessoas especiais. São capacitações dadas por Deus a quem ele o quiser. Isso faz lembrar a natureza da igreja, quando Paulo a compara como um corpo humano. As escolhas não obedecem aos critérios humanos. No que tange a sua empreitada na terra, é Deus quem capacita. A segunda coisa é quanto a guarda do sábado. Deus descansou para nos servir de sinal para que o homem entenda que tudo o que este tem, todo o trabalho de suas mãos é mérito da dádiva de Deus. Assim sendo, o homem deve observar o dia de guarda como momento para pensar sobre as bênçãos de Deus. A guarda do sábado é o sinal que demonstra a dependência do homem em relação a Deus. Não guardar o santo sábado é não reconhecer a benevolência do Senhor. A guarda do sábado vai constituir sinal de obediência por meio da qual vem o descanso. É possível estabelecer uma relação com Hebreus 7. Nessa passagem verificamos que, o povo não entrou no descanso de Deus. Logo, descanso não é apenas ficar um dia (sábado) sem trabalhar, mas aproveitar o dia para obedecer a Deus e assim ao fazê-lo encontrar descanso, moral, espiritual e emocional. Jesus no relato de Mateus 11,18 demostra que nele o homem pode desfrutar do verdadeiro descanso. E ainda fazendo referência ao texto de Hebreus, o autor é enfático, o homem não descansou, portanto, não ficar sem fazer nada, mas uma entrega a Deus; depositar nele todo o cansaço físico e mental, moral. Por isso há uma necessidade de se estabelecer um novo dia, conforme a leitura de Hebreus, e esse dia é o HOJE.
Êxodo 32,1-35.
Nota explicativa: O texto parece apresentar algumas contradições. Moisés intercede pelo povo, Deus volta atrás em castigar o povo, e depois vemos três mil pessoas sendo mortas. Bom, observamos que no momento em que Deus disse que o povo traiu ao Senhor fazendo um bezerro de ouro para adorar, Moisés ainda não tinha ideia da gravidade do pecado da idolatria que o povo cometera. Quando desceu do monte viu como fato a traição - um bezerro de ouro para afrontar a Deus, posto no lugar de Deus. A idolatria é um dos pecados que mais atenta contra a divindade de Iahweh, é o pecado contra os atributos onisciência, onipotência e onipresença, é o mesmo pecado que a serpente usou contra a Eva, de dizer que Deus estava equivocado, afirmou que mentiu. Portanto, este pecado de voltar-se contra Deus é a própria morte do homem. Mas, vamos por ora ficar com a intercessão de Moisés. Segundo a lei intrínseca da justiça de Deus o pecado deverá ser punido pela morte do pecador, mas pelo visto, quando Moisés intercede, Deus muda. Deus mudou? Não! Deus apenas faz valer outra face da lei intrínseca da sua justiça - o seu amor – sua misericórdia que mais tarde var ser traduzida na pessoa de Jesus; eis aqui neste relato, uma parcela da manifestação dessa misericórdia. Moisés foi um grande intercessor. Podemos enumerar as diversas vezes em que usou desse recurso, a começar pelas pragas lá no Egito. Mas, fiquemos no texto. Moisés intercedeu, e Deus ouviu sua intercessão. Mas, quando constatou o pecado, percebeu que o mesmo foi além daquilo que pensava. Viu, pois que o grupo dissidente precisava pagar pelo que fez. Pelo visto não foram todos contaminados pela idolatria. Quanto a Aarão, observem que ele reconheceu sua fraqueza e justificou o seu ato. Ele fez o que o povo queria, mas isso não era o que pensava a respeito de Deus. Ele não acreditava naquele bezerro. Outra lição do texto é quanto o movimento humano e divino neste relato. A misericórdia de Deus e a justiça humana desta vez, aplicada a todos os idólatras a fim de que bebessem do ouro derretido. Esse movimento é uma lição que traduz a justiça humana sem misericórdia e a justiça de Deus ante um coração que intercede. Isso aponta para Jesus a justiça de Deus que nos poupa da morte, pois ele mesmo pagou o preço de nossas transgressões – Romanos 6,23. Moisés voltou ao Senhor para interceder e se colocou como vítima, como oblação. Ele mesmo se coloca como “holocausto” no lugar do povo, pede que ele seja riscado do livro. Então , manifestou o seu perdão, mas não a sentença, àquele que pecar contra o Senhor será riscado do seu livro, isso é fato.
Êxodo 33,1-23.
Nota explicativa: Logo após o episódio do bezerro, o Senhor ordena a Moisés que parta, mas advertiu quanto algumas verdades. Deus mandaria o seu anjo à frente do povo, mas não iria mais. A ideia do autor de Êxodo é mostrar a distância da santidade de Deus e a indignação do homem, a vida moral do homem. A presença de Deus não pode suportar o pecador, mas isso, pelo visto não é uma vontade deliberada de Deus, mas uma condição intrínseca à sua natureza. Se Deus continuasse com o povo, a presença dele colocaria em risca a toda a gente. Mas, Deus continuava sua epifania, por meio da nuvem. Quando Moisés ia se encontrar com Deus, todo o povo o acompanhava de longe e via as nuvens descerem sobre a tenda, a qual Moisés chamou de Tenda da Reunião. Ali o Senhor falava com Moisés; ao dizer, porém que o Senhor não mais iria, Moisés insiste para que o Senhor fosse, ou então não partiriam dali. Deus deu a garantia a Moisés que, quanto a ele o Senhor daria descanso. Moisés, pois, não queria apenas isso, ele amava o rebanho e mais uma vez é testado em relação a ele. Ele pede em favor do rebanho. O Senhor o ouve, sua presença iria ser mantida. Como era vista a presença de Deus? A epifania era manifestada por meio da nuvem, da coluna de fogo, quanto a isso, iria durar até a consumação final dessa longa trajetória. Mas, Moisés queria mais, Moisés qieria poder desfrutar da presença de Deus face a face. Mas. O Senhor disse que isso seria impossível, pois, homem nenhum ficaria vivo se visse o Senhor. No entanto, Deus ouviu a oração de Moises em relação ao seu pedido. Era muita vontade de desfrutar da presença de Deus. O que foi que Deus? Moisés iria ver o Senhor de costa, de dentro da fenda de uma rocha. Quando o Senhor passasse, Moisés deveria entrar na fenda. Deus colocaria suas mãos sobre a fenda e depois que o Senhor passasse, Moisés poderia sair sim e então iria ver Deus de costa. Essa visão antropomórfica mostra a grandeza da santidade de Deus, de sua condição divina e o homem. Isso contrasta o politeísmo. Neste, os pagãos pegavam e poderiam estar perto de seus deuses de madeiras, ou argila. Não havia nenhuma distinção entre o santo e profano. Talvez nem houvesse esse conceito. Mas, no monoteísmo javista, uma das coisas que diferenciam a fé judaica é a peculiaridade da personalidade de Deus. Ele não pode ser misturado com a natureza humana. Aí entendemos toda a dinâmica do sacrifício e ainda, a dinâmica da morte de Cristo. Por meio dele a “rocha principal” podemos contemplar a presença de Deus e não morrermos, sem Jesus homem algum poderá se aproximar de Deus.
Êxodo 34,1-35.
Nota explicativa: Muitas são as ideias que o texto nos oferece. A primeira ideia é a renovação da aliança que fora quebrada com adoração ao bezerro de ouro. Os dez mandamentos são reiterados como código de conduta dessa aliança. O que Deus espera do seu povo é que este seja santo. Santidade tendo como base o seu relacionamento com Deus. Algumas práticas deveriam servir de instrumento de adoração; por meio delas o povo deveria se lembrar do Senhor, então Moisés enfatiza a guarda da festa e do sábado como algo sagrado e de descanso. A segunda coisa é sobre as alianças com outros povos; tais alianças implicariam alianças também com o seus deuses, e isso serviria de laço. A relação com Deus é vista neste momento como uma relação de marido e mulher; uma relação de fidelidade que não pode ser quebrada, o contrário, todo culto aos outros deuses, ou aos deuses da gente da terra que o Senhor lhes estava prometendo, iria constituir-se em adultério. Cultuar outros deuses é uma traição ao Senhor o qual Isaias mais tarde vai chamar de marido (Isaias 54,5). Cada vez mais fica consolidado o monoteísmo prático que exige adoração absoluta. A terceira coisa é quanto o encontro de Moisés. O seu rosto resplandecente aponta para a presença de Deus na vida dele; presença que transcende todo fenômeno natural. Uma aparência que deixou todos os hebreus petrificados. Não foi algo comum; nada poderia ser comparado à presença de Deus. Era algo tão forte, que obrigou Moisés a colocar um véu; por meio do véu (um pedaço de pano) impedia de Moisés desfrutar a face do Senhor. Paulo faz uma alusão a este véu, ao se referir aos judeus que ate hoje, diz Paulo, estes leem com o véu, e este pode cair, quando então se converterem a Jesus (II Cor. 15.3). O véu era um impedimento, uma maneira para suportar a presença de Deus. Mas, por meio de Jesus e somente por meio de Jesus, podemos desfrutar da presença de Deus sem constrangimento. O véu para nós hoje pode representar a dureza e a resistência e a incredulidade, a intelectualidade vazia, que impedem de enxergar a luz do evangelho e se convertam.
Êxodo 35,1-35.
Nota explicativa: Este texto relata a execução do que foi relatado no capítulo 25. Lá o Senhor ordena ao Moisés que o povo traga as suas ofertas, ouro, prata, bronze etc. Para a construção da Tenda da Reunião. Vimos que a tenda constituiria como sinal da presença de Deus no meio do seu povo; mas, isso não era o bastante. O povo precisava entender que essa presença só seria consumada, desde que houvesse por parte do povo uma disposição, um coração voluntário para contribuir. Esta é a participação do homem em querer a presença de Deus. Por diversas vezes vemos nesse texto a expressão “coração generosos” – pelo visto todos se mostraram generosos; todos deixaram mover o seu coração. E cada um contribuía daquilo que tinha, e ninguém deixou de fazê-lo. A contribuição dos bens do povo para a obra de Deus é uma constante no meio do povo de Deus. Esse mesmo movimento se registra em II Crônicas 29 quando Davi também convoca o povo a contribuírem para a construção do templo. Nesse texto a começar por Davi, este se mostrou solícito e na sua oração reconheceu que ele não era nada aos olhos de Deus para ofertar alguma coisa e mais, tudo aquilo que estavam ofertando era de Deus e a ele estavam devolvendo A contribuição é uma expressão de gratidão; mas é muito mais, ela representa o desejo do ofertante de querer a presença de Deus na terra por meio da sua habitação que será construída pelos utensílios que o traz.
Êxodo 36,1-35.
Nota explicativa: A ideia central deste capítulo é a construção da Tenda da Reunião. O cuidado da construção do tabernáculo revela de algum modo o zelo de Deus em prol de sua obra. Todos poderiam construir, mas isso não era o plano de Deus. No que concerne à construção de sua obra a mesma deve obedecer ao critério de Deus, a vontade de Deus. E o próprio Deus capacitou os homens, deu-lhes espírito de sabedoria, afim de que fizessem de acordo com que o Senhor havia ordenado. O projeto era de Deus, mas a execução da obra estava nas mãos desses homens. Estes homens tiveram a habilidade de poder traduzir na prática a vontade de Deus. Todos os detalhes da narração demonstram a sensibilidade artística de fazer uma casa bonita. A participação dos demais era apenas no dizia respeito à contribuição financeira. A obra de Deus se faz assim. Todos podem participar, mas que o façam com voluntariedade, empenho e dedicação. Quando isso é feito com essa disposição há sobra. Outro grupo, o grupo daqueles que o Senhor separou para colocarem na prática o projeto. Cada um dentro do seu próprio chamado; ninguém omisso ou faltoso. Podemos concluir esse capítulo dizendo que a presença de Deus no mundo não depende só de Deus, mas do coração de boa vontade que estará aberto e solicito para fazer valer sua presença no mundo. Há um mútuo desejo nesta relação é o Espírito dizendo vem concomitante à noiva que diz vem. (Apocalipse 22,17).
Êxodo 37, 1-29.
Nota explicativa: Este capítulo é, pois uma continuação do capítulo anterior. Mas, os detalhes e o material usado para a construção nos revelam a grandeza do valor desta obra, e apontam para a realidade de Deus nos céus. O ouro, por exemplo, usado para revestir a arca por dentro e por fora e o propiciatório revelam assim, como este metal assim é também a palavra e a misericórdia de Deus, que permanece inabalável no decurso dos tempos. Os anjos (imagens feitas de ouro) não contradiz o 2º mandamento, pois, estes não estavam sendo feito para serem adorados, mas para demonstrarem que a arca era algo sagrada. Mas, mesmo que isso possa de algum modo contradizer, o argumento se desfaz quando estamos diante da vontade de Deus soberana. Se ninguém contradisse, é porque, o autor do livro dar nuanças de que a ordem do Senhor está acima de qualquer questionamento. Aquilo que Deus manda, é uma ordem para ser obedecida e não para ser questionada. Todo o material usado para construção da Habitação nos dá conta do valor que esta obra tem na terra. Mais tarde numa perspectiva messiânica podemos contemplar a imagem da igreja na terra. Não há nada nesta terra que possa assemelhar ao seu valor. O ouro fica aquém ante as palavras de Jesus quando disse aos seus discípulos que a porta do inferno não prevalecerá contra ela.
Êxodo 38,1-43.
Nota explicativa: A ideia central deste capítulo é o relatório final sobre o custo da obra. Mas, o objetivo do altar não era apenas levantar um relatório como prestação de contas, mas poder testificar aos leitores que a Habitação de Deus era uma realidade concreta, era uma tenda concreta construída no deserto, com os utensílios ofertados pelos hebreus. Esse levantamento é importante, pois o caráter histórico da narrativa é consolidado. Não era ideia abstrata, nem tão pouco o discurso aponta para uma alegorização. O registro dos detalhes é uma preocupação de que a casa de Deus não era um mito, mas uma realidade no meio do seu povo. E desde o princípio vemos Deus se revelando por meio dos fatos, e dos acontecimentos históricos, respeitando os limites culturas e social. O tabernáculo tem dois aspectos, um aspecto humano, os utensílios, a maneira como cada tecido foi bordado, e aspecto divino, o projeto, a ideia, era de acordo como Deus estava ordenando. A obediência às ordens do Senhor requer sensibilidade espiritual para entender o que Deus quer e o que ele está dizendo.
Êxodo 39, 1-43.
Nota explicativa: Este capítulo discorre sobre as vestes dos sacerdotes; são estes que servirão de ponte entre Deus e os homens. As vestes obedecem também todo estilo que caracteriza beleza, perfeição e equilíbrio. As vestes simbolizavam a autoridade sob a qual cada sacerdote estava investido. Por meio dela fica estabelecido, pois, a diferença entre o leigo comum, o crente hebreu e àquele separado por Deus para oficializar o culto ao Senhor. Simbolizavam ainda a consagração a Deus; sem os devidos paramentos, o sacerdote era apenas um homem comum. Por conta desse simbolismo, deveriam ser feitas com um material fino e de grande valor. Por detrás da beleza e dos pormenores ricos de pedras preciosas estavam a santidade de Deus, a beleza de Deus, em síntese, a presença de Deus. O sacerdócio foi uma escolha do Senhor. Não podia ser qualquer um do povo, mas da tribo que o Senhor escolhera. Essa tribo de levitas tinha a responsabilidade de fazer valer no meio do povo, a palavra de Deus, o constituía o caminho, o meio pelo qual os hebreus poderiam se aproximar de Deus. Portanto as vestes tinham toda essa mística sagrada. Os sacerdotes tinham o dever moral de ser a referência de Deus no meio do seu povo.
Êxodo 40,1-38.
Nota explicativa: É muito importante como o autor do Êxodo declinar o fim do último capítulo. Era este o desejo de Deus de caminhar junto com o seu povo. Podemos dizer que aquilo que a serpente no paraíso tentou obstruir levando aos primeiros pais se afastarem de Deus pelo pecado, foi retomado pelo chamado ao Abraão. Aos poucos Deus foi se revelando, a ideia sobre pecado, libertação, o Decálogo e a presença de Deus no meio do seu povo se consolida. O desejo de Deus se concretiza estar com o seu povo. O Decálogo, e o sacerdócio e a Habitação de Deus se realizaram. Agora a jornada poderia ser levada a cabo. A nuvem durante o dia pairava sobre o Tabernáculo e à noite, a coluna de fogo. Moisés não podia entrar. Ele sabia, e todo o povo sabia que deus estava lá e de lá vinha à ordem de partir ou de se acampar. É uma das imagens mais lindas das escrituras, pois retratam, não obstante, a dura obstinação do povo, sua presença confortadora e encorajadora. Ali o Senhor dava a voz de comando sem emitir um só audível, apenas a epifania por meio da nuvem e do fogo, o povo sabia o “quando” e o “onde” de Deus. Eis a visão do crente hebreu. Uma visão espetacular, maravilhosa de contemplar por meio da Habitação de Deus a certeza de que ele estava ali.
Obs. Hoje dia 19 de maio de 2012 concluí este trabalho às 23:18.
LIVRO DE LEVÍTICO.
Nota explicativa: O livro do Levítico tem como tema a santidade de Deus. Mas isso não quer dizer que ele está longe da realidade humana. Pelo contrário, a vontade de Deus era caminhar juto com o homem. Mas, no paraíso, o homem desobedeceu a Deus e isso trouxe um prejuízo moral e espiritual pra toda existência humana. Entrou no mundo o pecado. Pecado é um abismo que nos separa de Deus; nos afasta de Deus, pois ele é santo e sua santidade não suporta o pecado. Ao desobedecer o homem ficou em débito com Deus; portanto, para que o homem pudesse se aproximar de Deus, novamente, era preciso acertar esse débito. A partir do Gênesis 12 o Senhor começa um novo plano, o plano de restauração, de superação do abismo e o meio de como dar conta desse débito moral. O livro de Levítico não só trata da santidade de Deus, bem como, a maneira de como homem pode fazer a reparação e poder assim desfrutar da comunhão com Deus. O sacrifício do animal era o meio pelo qual o homem poderia se aproximar de Deus. O animal passa assumir o papel do pecador; e morre no lugar deste. O ritual de colocar a mão sobre a cabeça do animal denota a identificação do pecador com o animal. O animal morre e o homem é poupado. E aí há todo um ritual, o sangue, por exemplo, deveria ser aspergido sobre o altar, e em seguido todo o animal deveria ser queimado. Esse ritual era o ritual da expiação; por meio deste, e sobremodo do sangue aspergido, todo o homem fazia sua confissão, sua reparação do pecado. O sangue considerado como princípio vital era o único elemento capaz de significar total entrega do pecador. Ninguém deveria se apresentar a Deus com as mãos vazias – fosse o hebreu rico ou fosse o hebreu pobre; quem podia dar um animal grande, dava um animal grande, quem não podia, poderia dar um animal pequeno, ou então aves; mas ninguém se aproximaria sem esse sentimento de confissão expresso na libação do animal. Para entendermos a "teologia do sacrifício" é preciso inicialmente considerar o momento em que isso se deu na história do povo hebreu. Estamos no momento muito primitivo do pensamento sobre as cosias de Deus, sobre vida de santidade, comunhão perdão, justiça, pecado. Não haveria outra maneira de compreensão, ou seja, que facilitasse a compreensão se não fosse por meio de um elemento concreto, plausível. Portanto, essas libações são de caráter absolutamente pedagógico, pois mais, tarde a história sagrada converge para a pessoa de Jesus Cristo. Ele o Ungido de Deus com sua morte na cruz, irá substituir todos esses rituais. Mas, não podemos deixar de registrar que, a ideia de Deus nesse momento da história do povo era a questão da expiação; não há comunhão com Deus, não há perdão sem que o sangue não seja derramado.
Levítico 2. A oblação.
Nota explicativa: Todo sacrifício de algum modo tinha um objetivo. Mesmo que esse objetivo não esteja claro para muitos estudiosos, é sempre lembrar que os elementos usados apontam sempre para a obra da criação da qual o homem desfruta. Os elementos agora são produtos da terra, do solo, frutos da terra, que devem ser oferecidos ao Senhor. O gesto de ofertar esses elementos demonstra, sim, o reconhecimento do homem de que, tudo vem de Deus e a Deus se devolve como gesto de gratidão. E mais interessante ainda, é o fato de que parte dessas oferendas era dada ao sacerdote, com fim de chamar para responsabilidade o sustento do sacerdócio. Este, como mantenedor das coisas de Deus, compenetrado na lei e na sua função de intermediar os homens e Deus. As ofertas não deveriam ser apresentadas com fermento e isso contrasta provavelmente as oferendas pagãs. Enquanto àquelas não tinham um objetivo claro, as oferendas ao Senhor, sem fermento apresentam objetivo claro sob o olhar da “analogia canônica”. No livro de I Coríntios 5, 6 – “Não sabeis que um pouco fermento levada toda massa?”. Assim como o fermento levada a massa, assim o pecado levada a natureza humana. Fica claro ainda que o fato do sacerdote participar da oferta sem fermenta, ratifica sua missão santa diante dos hebreus.
Levítico 3,1-17. O sacrifico pacífico.
Nota explicativa: O sacrifício pacífico apresenta a mesma peculiaridade do sacrifico do holocausto, o ofertante deveria colocar as mãos sobre a cabeça do animal como gesto de identificação do ofertante com o animal, o que significava o reconhecimento do pecado e sua reparação, ou seja, o animal morreria no lugar do pecador ofertante. Vale ressaltar ainda que, todos, os hebreus independentes da condição financeira, todos, deveriam se apresentar ao Senhor, ou com um animal de grande porte, ou médio, ou pequeno porte, no caso as aves. É, pois, intrínseco a justiça de Deus que o homem para aproximar-se dele, que pagasse o salário do seu próprio pecado, da sua condição como pecador. Isso não é uma questão de uma vontade divina, mas de algo que era absolutamente inerente à natureza da justiça de divina, não haveria como mudar isso, a não ser por outra lei, a lei do sacrifício do animal, pela qual o homem pecador fazia sua reparação. A Bíblia é clara em Romanos 6,23, o salário do pecado é a morte. O pecado, é, pois, uma dívida contra Deus, e o sacrifício era pois, o meio de ser pago esse débito. Mais tarde tudo isso vai ficar obsoleto quando a lei definitiva, na pessoa de Jesus for implantada.
Levítico 4,1-35
Nota explicativa: O capítulo 4 trata dos sacrifícios dos pecados cometidos pelo sacerdote, pela congregação e pelos chefes do povo e de um homem do povo. Pelo visto o autor do livro tinha um objetivo – reforçar a importância do sacrifício de modo a dizer que todos os homens são passíveis de cometerem os mais diferentes pecados e todos deveriam se colocar a disposição de correção e de reparação. Nem mesmo o sacerdote e nem ao menos os príncipes. Isso de algum modo consolida na consciência do povo que diante de Deus não há um justo se quer e, portanto, todos estão em débitos com Deus. Ninguém é poupado, do sacerdote até ao homem mais simples. Algo nos chama ainda atenção, é quanto ao pecado da assembleia. Pelo visto Deus não tratava o indivíduo como um sujeito único, bem como, o sujeito numa relação com os demais da comunidade. Nesse sentido formava com a comunidade um único corpo. É importante ressaltar a importância da identidade espiritual, nacional e religiosa. E por conta disso havia alguns pecados, embora o texto não os mencione quais eram, pois os mesmos eram atribuídos a toda à assembleia. Havia alguns pecados que eram atribuídos à comunidade. Pelo visto, não se tratava de um ato, mas sim de uma cumplicidade. Provavelmente, quando alguém não seguia os rituais de reparação, nesse caso, toda a comunidade se tornava culpada, ou é mais interessante pensar na responsabilidade mútua que cada um teria para com o outro, isso reforça sim, a ideia de corpo, de comunidade, de família de Deus.
Levítico 5,1-19
Nota explicativa: Todo o pecado deve ser denunciado. Todos se tornam culpados tanto quanto ao que pecou, se o pecado não fora denunciado. A responsabilidade quanto ao ato do pecado é de quem o cometeu e daquele que o viu e não o denunciou. Isso mostra o quanto o pecado deve ser reparado e evitado. No texto vemos ainda a questão da palavra quando esta profere o mal, ou alguma palavra de maldição, ou uma palavra para o bem, no caso uma promessa, a mesma deverá ser cumprida. Tanto a palavra de maldição, quanto a palavra para o bem, ou seja, algum voto provavelmente, e este não for cumprido em ambos os casos o homem deverá responder pelas mesmas. Novamente neste capítulo observamos que não há quem não possa reparar o dano. Quem podia mais dava um animal de grande porte, quem podia menos dava uma animal de médio porte, para enfatizar que todos devem reparar. Quanto às coisas sagradas referidas no texto, não sabemos do que se tratava – coisas sagradas. Mas, era como que algo que fora subtraído, o mesmo deveria ser restituído, mas como? Com um carneiro que fosse avaliado segundo o valor estimado pelo santuário, e ainda havia um acréscimo, talvez uma multa, e esta deveria ser entregue ao sacerdote. Somente assim, o pecado teria sido reparado. Sob o olhar de uma análise canônica, vemos em Jesus àquele que, se ofereceu por nós e foi o bastante, o suficiente. Os detalhes dos sacrifícios, por mais minuciosos fossem na sua aplicação e reparação seria insuficiente para purificar do pecado. O que nos chama a atenção são os pormenores de cada oferenda; por mais ricas de detalhes e de nuanças nada seria capaz, ou foi capaz de resolver a culpa. O pecado só pode definitivamente ser perdoado pela cruz e sangue de Cristo.
Levítico 6
Levítico 7
Levítico 8
Levítico 9
Levítico 10,1-20.
Nota explicativa: É importante ressaltar a ideia central. Sempre a ideia central, embora em alguns textos os pormenores são importantes para a compreensão. Não queremos ignorar os pormenores, mas ressaltar o núcleo do texto, quando este texto apresenta. Eis mais um texto que não tão fragmentado. Após a orientação sobre os sacrifícios, o procedimento do mesmo e suas finalidade, pelo visto, isso não ficou arraigado para os filhos de Arão. Ao mesmo tempo que isso nos surpreende, também, nos adverte quanto a fraqueza do homem e sua tendência a desobediência, mesmo que seja sacerdote. O fato é que os filhos de Arão vão e oferecem ao Senhor um "fogo estranho". Estranho porque não foi provocado pelo Senhor. O fogo do altar era aceso pelo Senhor, os sacerdotes tinham a função de mantê-lo aceso, e pra isso precisavam pela manhã recolher as cinzas, e colocar lenhas novas. O fogo deveria permanecer sempre aceso e não podia se apagar. Não sabemos baseado no que a narrativa nos fornece se o fogo havia se apagado, o que sabemos que um fogo estranho aparece, ou seja, um fogo que Deus não reconhece. Este fogo estranho era uma desonra a Deus, não santificava o nome de Deus. O texto apresenta essa expressão, 'santificar o nome de Deus'. Isso quer dizer 'honrar o nome' de Deus, fazê-lo digno. Os filhos de Arão morrem e então, o Senhor aparece a Moisés e o chama para as atribuições do sacerdote. Estes tinham um obrigação moral de honrar o nome de Deus em todos os aspectos. A consagração não era um ritual, ou apenas uma prática, um ato, mas um estilo de vida. Não poderia descobrir as cabeças e nem rasgar as suas vestes, e nem beberem vinho. Pelo visto sob o olhar de uma análise canônica, então é interessante lembrar o 'capacete da salvação' como uma das armas da nossa luta, aponta para a convicção da nossa vocação. As vestes sempre lembram 'caráter', comportamento, vida pautada em santidade, e a privação de vinho, nos lembra sobriedade. Sem estes elementos, todo o trabalho será em vão, provoca morte, e desta vez morte espiritual, inércia. Portanto, Deus nos chama para uma consciência quanto a nossa vocação sacerdotal, nosso caráter e nossa sobriedade, o contrário é negligência, ou seja a morte.
Levítico 3,1-17. O sacrifico pacífico.
Nota explicativa: O sacrifício pacífico apresenta a mesma peculiaridade do sacrifico do holocausto, o ofertante deveria colocar as mãos sobre a cabeça do animal como gesto de identificação do ofertante com o animal, o que significava o reconhecimento do pecado e sua reparação, ou seja, o animal morreria no lugar do pecador ofertante. Vale ressaltar ainda que, todos, os hebreus independentes da condição financeira, todos, deveriam se apresentar ao Senhor, ou com um animal de grande porte, ou médio, ou pequeno porte, no caso as aves. É, pois, intrínseco a justiça de Deus que o homem para aproximar-se dele, que pagasse o salário do seu próprio pecado, da sua condição como pecador. Isso não é uma questão de uma vontade divina, mas de algo que era absolutamente inerente à natureza da justiça de divina, não haveria como mudar isso, a não ser por outra lei, a lei do sacrifício do animal, pela qual o homem pecador fazia sua reparação. A Bíblia é clara em Romanos 6,23, o salário do pecado é a morte. O pecado, é, pois, uma dívida contra Deus, e o sacrifício era pois, o meio de ser pago esse débito. Mais tarde tudo isso vai ficar obsoleto quando a lei definitiva, na pessoa de Jesus for implantada.
Levítico 4,1-35
Nota explicativa: O capítulo 4 trata dos sacrifícios dos pecados cometidos pelo sacerdote, pela congregação e pelos chefes do povo e de um homem do povo. Pelo visto o autor do livro tinha um objetivo – reforçar a importância do sacrifício de modo a dizer que todos os homens são passíveis de cometerem os mais diferentes pecados e todos deveriam se colocar a disposição de correção e de reparação. Nem mesmo o sacerdote e nem ao menos os príncipes. Isso de algum modo consolida na consciência do povo que diante de Deus não há um justo se quer e, portanto, todos estão em débitos com Deus. Ninguém é poupado, do sacerdote até ao homem mais simples. Algo nos chama ainda atenção, é quanto ao pecado da assembleia. Pelo visto Deus não tratava o indivíduo como um sujeito único, bem como, o sujeito numa relação com os demais da comunidade. Nesse sentido formava com a comunidade um único corpo. É importante ressaltar a importância da identidade espiritual, nacional e religiosa. E por conta disso havia alguns pecados, embora o texto não os mencione quais eram, pois os mesmos eram atribuídos a toda à assembleia. Havia alguns pecados que eram atribuídos à comunidade. Pelo visto, não se tratava de um ato, mas sim de uma cumplicidade. Provavelmente, quando alguém não seguia os rituais de reparação, nesse caso, toda a comunidade se tornava culpada, ou é mais interessante pensar na responsabilidade mútua que cada um teria para com o outro, isso reforça sim, a ideia de corpo, de comunidade, de família de Deus.
Nota explicativa: Todo o pecado deve ser denunciado. Todos se tornam culpados tanto quanto ao que pecou, se o pecado não fora denunciado. A responsabilidade quanto ao ato do pecado é de quem o cometeu e daquele que o viu e não o denunciou. Isso mostra o quanto o pecado deve ser reparado e evitado. No texto vemos ainda a questão da palavra quando esta profere o mal, ou alguma palavra de maldição, ou uma palavra para o bem, no caso uma promessa, a mesma deverá ser cumprida. Tanto a palavra de maldição, quanto a palavra para o bem, ou seja, algum voto provavelmente, e este não for cumprido em ambos os casos o homem deverá responder pelas mesmas. Novamente neste capítulo observamos que não há quem não possa reparar o dano. Quem podia mais dava um animal de grande porte, quem podia menos dava uma animal de médio porte, para enfatizar que todos devem reparar. Quanto às coisas sagradas referidas no texto, não sabemos do que se tratava – coisas sagradas. Mas, era como que algo que fora subtraído, o mesmo deveria ser restituído, mas como? Com um carneiro que fosse avaliado segundo o valor estimado pelo santuário, e ainda havia um acréscimo, talvez uma multa, e esta deveria ser entregue ao sacerdote. Somente assim, o pecado teria sido reparado. Sob o olhar de uma análise canônica, vemos em Jesus àquele que, se ofereceu por nós e foi o bastante, o suficiente. Os detalhes dos sacrifícios, por mais minuciosos fossem na sua aplicação e reparação seria insuficiente para purificar do pecado. O que nos chama a atenção são os pormenores de cada oferenda; por mais ricas de detalhes e de nuanças nada seria capaz, ou foi capaz de resolver a culpa. O pecado só pode definitivamente ser perdoado pela cruz e sangue de Cristo.
Levítico 6
Levítico 7
Levítico 8
Levítico 9
Levítico 10,1-20.
Nota explicativa: É importante ressaltar a ideia central. Sempre a ideia central, embora em alguns textos os pormenores são importantes para a compreensão. Não queremos ignorar os pormenores, mas ressaltar o núcleo do texto, quando este texto apresenta. Eis mais um texto que não tão fragmentado. Após a orientação sobre os sacrifícios, o procedimento do mesmo e suas finalidade, pelo visto, isso não ficou arraigado para os filhos de Arão. Ao mesmo tempo que isso nos surpreende, também, nos adverte quanto a fraqueza do homem e sua tendência a desobediência, mesmo que seja sacerdote. O fato é que os filhos de Arão vão e oferecem ao Senhor um "fogo estranho". Estranho porque não foi provocado pelo Senhor. O fogo do altar era aceso pelo Senhor, os sacerdotes tinham a função de mantê-lo aceso, e pra isso precisavam pela manhã recolher as cinzas, e colocar lenhas novas. O fogo deveria permanecer sempre aceso e não podia se apagar. Não sabemos baseado no que a narrativa nos fornece se o fogo havia se apagado, o que sabemos que um fogo estranho aparece, ou seja, um fogo que Deus não reconhece. Este fogo estranho era uma desonra a Deus, não santificava o nome de Deus. O texto apresenta essa expressão, 'santificar o nome de Deus'. Isso quer dizer 'honrar o nome' de Deus, fazê-lo digno. Os filhos de Arão morrem e então, o Senhor aparece a Moisés e o chama para as atribuições do sacerdote. Estes tinham um obrigação moral de honrar o nome de Deus em todos os aspectos. A consagração não era um ritual, ou apenas uma prática, um ato, mas um estilo de vida. Não poderia descobrir as cabeças e nem rasgar as suas vestes, e nem beberem vinho. Pelo visto sob o olhar de uma análise canônica, então é interessante lembrar o 'capacete da salvação' como uma das armas da nossa luta, aponta para a convicção da nossa vocação. As vestes sempre lembram 'caráter', comportamento, vida pautada em santidade, e a privação de vinho, nos lembra sobriedade. Sem estes elementos, todo o trabalho será em vão, provoca morte, e desta vez morte espiritual, inércia. Portanto, Deus nos chama para uma consciência quanto a nossa vocação sacerdotal, nosso caráter e nossa sobriedade, o contrário é negligência, ou seja a morte.